quarta-feira, junho 30, 2010

Era uma vez (parte 1)



A minha mortal que cresceu num lugar onde não havia água canalizada, e casas com “luz”, eram só meia dúzia delas.



A som da vida eram as pessoas, os animais, os pássaros, o som dos ribeiros, e da ribeira (a 2km) da aldeia. Gostava tanto deste “silêncio” sem carros, sem buzinas, sem palavras. Deitar-me ao sol, sentir o cheiro da hortelã do ribeiro, ouvir as rãs, as cigarras, e os pássaros.


Corria na rua, jogava ao eixo, ao “sapo”, e se não há luz, não há televisão. Mas havia uma fonte inesgotável de histórias, todos os velhos da aldeia tinham histórias fabulosas para contar, de mouras encantadas fechadas em fragas, perseguidas por ferozes reis que as queriam roubar, e elas coitadas corriam, corriam, até a mãe natureza as socorrer e esconder, ainda hoje lá estão.


Havia os monstros a evitar (naqueles caminhos por onde não queriam que nós, crianças desmioladas, fossemos), fontes onde não nos podíamos inclinar em demasia, pois seríamos caçados pela “mãe d’água” e “não voltam a ver os vossos pais”…


Diziam-nos onde ficavam as fontes milagrosas, onde “beber daquela água cura tudo”, e depois íamos em correria ver, e descobríamos que a água era cor de laranja (sei agora, é água rica em ferro), mas tínhamos medo de lá meter a cabeça, pois era uma pequena gruta, escura, e, se calhar, a “mãe d’agua” estava lá à espera para nos armar uma cilada. (nunca fiando)


Subia às árvores para ver os ninhos (nunca estragar, os bichos são precisos), andava pelo meio das hortas devagarinho, na esperança que as borboletas me pousassem em cima.


Precisava de uma máquina de viajar no tempo.

terça-feira, junho 22, 2010

F.A. (fumadora anónima)

É um vício do catano, que larguei há uns 7 anos. Não, podem parar, fiquem já quietos, larguem os telefones, e os contactos de mail… não tenho nenhum remédio secreto para largar o vício.



Costumo dizer que “foi um presente da minha filha”, e foi, enjoei o tabaco quando engravidei. (hihihihi duvido que boceses, os gaijos, consigam este tipo de enjoanço)


Mas é um vício tramado, 7 anos passaram, e ainda me apanho, de vez em quando, a pensar em fumar um cigarro. Claro que o não faço, porque se o fizer (conheço-me) não largo, e eu tentei fazê-lo umas boas 10 vezes ao longo de (fazendo contas pelos dedos) uns 25 anos. Não vou desaproveitar este presente fabuloso da diabbita-minorca.


Por isso mesmo, admiro quem, sem gravidez à mistura consegue deixar de fumar. Mas confesso que não percebo quem retoma o vício, pois largando durante um ano, dois, quatro ou dez, não há motivo para retomar, é burrice, pura e dura. Pensam em tabaco? Pois… temos pena, eu também penso, mas daí a pegar-lhe de novo é bacoquice. (isto para não dizer nada pior)


Mas só vos digo uma coisa, ainda bem que eu nunca experimentei “cenas” muito maradas, era diabba para não conseguir sair…

Nota: Sim, eu sei, alguns dos amigos reais que me lêem, nem me imaginam a pegar num cigarro. ]:-)

sábado, junho 19, 2010

Divindades



diabbo-marido mostrou-me este blog, onde o tema gira, invariavelmente, entre o ser que se diz nas alturas, e o que dizem mora nas profundezas, a interagirem com humanos (normalmente o Adão e a Eva), quem disse que o ser lá de cima é boa pessoa, e que o de lá de baixo é reles? Pode muito bem não ser assim...

Deixo o link do Blog um.sabado.qualquer merece ser visitado, vão por mim, que sou incapaz de vos enganar! hihihihihi

http://www.umsabadoqualquer.com/

quarta-feira, junho 16, 2010

Médicos



O que os médicos têm que ouvir... e não se podem rir na cara dos doentes!!!

Os aparelhos genital e urinário são objecto de queixas sui generis:



"Venho aqui mostrar a parreca".


"A minha pardalona está a mudar de cor".


"Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas".


"Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza".


"Fazem aqui o Papa Micau ( Papanicolau )?"


"Quantos filhos teve?" - pergunta o médico. "Para a retrete foram quatro, senhor doutor, e à pia baptismal levei três".


"Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma f... mal dada".


"Tenho de ser operado ao stick . Já fui operado aos estículos".


"Quando estou de pau feito... a p... verga".


"O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã".

Obrigado Tareca , acho que vou publicar o teu mail por episódios. 

quinta-feira, junho 10, 2010

Prince of Persia


Principe da Persia, uiiii arf arf, que prinsuso tan giro!! Mas não me pareceu grande coisa a beijar, não que andasse a beijocar durante o filme, mas o único beijo que deu… hummm parecia que estava a beijar um tijolo, entregou-se mais à coisa quando beijou um certo cowboy , digo eu…



Bom, eu gostei muito do filme, tinha a quantidade de fantasia que eu gosto, e fez-me viajar no tempo, e o Kanito  notou (tão atento este cão) que foi o Principe da Pérsia que descobriu o Iraque!!! Ahhh pois e nem venham com a conversa que o Iraque não existia na altura (acho que os animais ainda falavam se fossem bem apertados).


A sério, se não forem uns grandes chatos e não andarem a catar pintelhices (num é Kanito ?) divertem-se neste filme, e não choram o dinheiro do bilhete! Pode ir ver descansados, se gostarem deste género, e ouvi dizer que até mais ou menos fiel ao jogo.

segunda-feira, junho 07, 2010

RES PUBLICA


Ora aqui está, ainda em maquete, a capa do álbum de Banda Desenhada, intitulado “RES PUBLICA”.



E porquê RES PUBLICA? Podia responder “porque sim, seus cuscos, devem ter muito a ver com as motivações dos autores… grrr grunfff”, mas não, estou em dia de simpatia, e explico: res publica é uma expressão em latim que significa “coisa que é do povo”, e era o princípio que dominava a Carbonária (googlem), uma vez que perseguiam a queda da monarquia, e pretendiam que fosse gente do povo a governar o país (daí ver-se em todos os governos gente que exerce as mais diversas profissões, ele é carpinteiros, pedreiros, empregadas domésticas, escriturários, contabilistas… hihihihi ainda hoje lá estão! Hã?? Ahhh hoje não estão? Nunca estiveram?? Hummm tenho que encontrar um carbonário vivo para lhe perguntar o que aconteceu).


A história passa-se entre 1896 e a ida de soldados portugueses para a Flandres – 1ª Grande Guerra – e os personagens são conhecidos de todos (gostemos deles ou não, todos foram importantes), temos o Eça, o Ramalho, o rei D. Carlos, o mestre Malhoa, misturados com gente do povo, que vivia (ou sobrevivia) numa época complicada.


Sabiam que o rei D. Carlos queria electrificar as ruas de Lisboa, mas o governo da altura não deixou, porque considerou ser “mais uma extravagância do rei”? D. Carlos era uma pessoa muito à frente da época em que viveu. Muito à frente!


Mas os meus favoritos são, sem dúvida, a Adelaide (da facada), e o Amâncio (da navalha), fadistas, e gente do povo. Hoje continua a haver Adelaides e Amâncios por aí, muitos, e a viverem a mesma história.


Album a sair em Outubro de 2010, durante o Amadora BD.

Verdades

Clikar para ler, ou então usem uma lupa... escolham!



Este cão conhece bem o Inferno.
Cá todos são tratados da mesma forma.
Aqui TODOS os animais, racionais e moventes, são iguais!

domingo, junho 06, 2010

Nerd(a)




... falando ainda da minha passagem por Beja (essa bela cidade cheia de História e histórias), não resisti a pedir um desenho ao Jorge.Miguel , autor (do texto e desenhos) do livro "Camões", que vocês têm obrigação de conhecer, e se não conhecem larguem tudo, e vão comprar, seus, seus... grunfff energúmenos!

E o Jorge Miguel lá me fez a vontade, desenhou um Camões apaixonado (é normal, os mortos têm um especial carinho por mim, devem achar que faço milagres e que os expulso do Inferno... pfff o Camões continua a dar aulas no Inferno, e que nem pense em sair!). Confesso que soltei uma gargalhada mal vi o desenho. O gaijo (o Jorge Miguel, é claro) é bom, e tem um sentido de humor refinado.

O próximo livro deste autor está com o lançamento previsto para Outubro deste ano, no Amadora BD (Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora),  em parceria com a minha mortal (eu, me, myself, para os lentos). Estou deserta para ver o resultado final, um dia destes mostro aqui uma vinheta (quadradinho).

terça-feira, junho 01, 2010

Festival BD Beja

(janela de influência muçulmana, onde quem estava dentro podia ver a rua, mas da rua não se pode ver para dentro da casa, é assim a modos que uma burca de janela, hihihihi)


Fui, mais o diabbo-marido, a Beja nos dias 29 e 30 de Maio, ao VI Festival Internacional de Banda Desenhada que por lá se realiza todos os anos.



Só vos digo uma coisa: Estou fã!


Eu, que fui na condição “não carrego livros, não vou para filas pedir autógrafos e/ou desenhos”, acabei por me envolver na coisa, e pronto lá fiz a vontade ao marido, e fui para uma fila, onde o Niko.Henrichon , fez uma linda tartaruga no livro “Fábula de Bagdad”.


Foi um fim-de-semana completamente descontraído, onde artistas, e público em geral, se misturavam, conversavam, trocavam ideias, como se fosse uma reunião de antigos alunos duma qualquer escola, tal era a alegria do encontro.


A cereja no topo do bolo (para mim, claro) foi um passeio pela cidade, guiados (um grupo ainda considerável) por um professor de história (Florival de seu nome, ninguém se lembrou de lhe perguntar o apelido, tal era o entusiasmo com que estávamos a beber a lição), que fez do passeio uma visita de estudo, onde todos estávamos interessados, pois não se limitava a debitar “matéria”, contava histórias, metia-se pela casa das pessoas com um “olá, tenho aqui umas pessoas que querem ver o forno (construído em 1889)”, e onde os moradores da tal casa responderam alegremente “entrem entrem, estamos a almoçar”.


As ruas da cidade são muito asseadas, nada de papeis, nem maços de tabaco amarrotados, parecia que tinham acabado de varrer as ruas, as casas pintadinhas, é raro haver uma casa degradada.


Ahhh e também nos contou que há batentes masculinos e femininos, um dia destes conto-vos a diferença…


Conheci almas muito catitas, para o ano estou lá de novo!

Adenda: O nome do Professor é: Florival Baiôa Monteiro. (Obrigado, Susa Monteiro)
Plágio encapotado. Ler post de 10.Abril.2011.