domingo, dezembro 25, 2011

2012

Ouvi dizer que este planeta mal frequentado vai desaparecer em 2012 (deve ser coisa em género ficção ciêntifica, somos atingidos por um raio-que-nos-parta, e ... puufffff, já fomos), então estou preocupadissima, eu e a Maphista Flor, nem conseguimos dormir, andamos uma pilha de nervos, uahhhh (bocejo), isto não pode ser, é o fim-do-mundo e ninguém nos diz como vai acontecer?? uahhhh (outro bocejo), no Inferno temos de nos... uahhh (outro) prevenir. Fazemos uma jangada? Compramos fatos anti-fogo? Investimos em aquecedores? zzzzz ronnnccc hãã??? ahhh como dizia, nem conseguimos dormir, como podem ver pela foto, o estado de "alerta absoluto" da Mephista Flor.
E agora vou ali meditar sobre o assunto, e vemos-nos no além... (ou então no próximo fim de semana).
zzzzzzzzzzzz  ronnnnnkkkk (ronronando mode) 

terça-feira, dezembro 20, 2011

Feliz Solstício


Esta é uma época em que tradicionalmente as almas fazem (ou deveriam fazer) um balanço da sua curta vida (isto comparando com o tempo que vão passar mortos, são segundos), e prometem a si mesmas que vão melhorar em tudo. (até os mânfios prometem a si mesmos que vão planear, ao milímetro, o próximo golpe a aplicar numa alma incauta).
Espero que façam muitos planos.
Uma coisa é certa:
Se fizerem más sementeiras, e não cuidarem da horta, terão más colheitas.
Pensem nisso.

NOTA: A ilustração é obra da diabbita-minorca (a verdadeira artista)
]:-)

quarta-feira, dezembro 14, 2011

É o que temos...



E se pensam que isto não está nos autos de notícia, inquirição de arguidos, queixas apresentadas, despachos judiciais... é porque nunca tiveram nenhuma destas coisas na mão, eu já. ]:-D


"- A GNR participa acidente e explica que “naquele local o asfalto da estrada era de terra batida”.


- O gatuno era "herdeiro e vozeiro naquele tipo de condutas”.


- Auto de notícia em que se diz que a ofendida foi encontrada em "lã-jeri".


- O arguido era "de raça nómada".


- O arguido resolve acabar o seu requerimento de uma forma cordial: " Pede deferimento" e logo a seguir ... "As minhas sinceras condolências".


- “O denunciado proferiu vários impropérios na Língua de Camões e também em língua francesa”


-“O individuo trazia o produto estupefaciente junto do órgão genital masculino vulgo pénis”


- Diligência de inquérito: “Solicite à PSP que, em 48h, diligencie por identificar o denunciado que se sabe ter cerca de 16 anos e usar boné”


- Quem comete o crime de "borla" é um "borlista" profissional.


- Auto de denúncia: "enquanto proferiam tais ameaças permitiam-se ainda chamar nomes ofensivos tais como "puta, vaca, jornalista, advogada, ladra, que era boa era para ir para a Ordem dos Advogados". (gosto particularmente desta. hihihihihi).


- Um arguido antes de bater no ofendido atirou-lhe com uma caixa em plástico, "nomeadamente um tampa-roer".


- “O arguido atirou um paralelo-ipípado”.


- "O arguido trazia uma techerte azul às riscas".


- "Os meliantes colocaram-se em fuga, ao volante de uma Picap"


- Na sequência de uma queixa por crime de furto de um veículo a GNR informa que recuperou a dita viatura no entanto a mesma vinha cheia de moças.


- Caso de uma averiguação de causa de morte em que foi determinada a "autópsia parcial" do cadáver.


- Auto de notícia em que a GNR denuncia o furto de 24 galinhas das quais uma era galo.

terça-feira, novembro 29, 2011

Presentes de Solstício de Inverno


Este ano os presentes de Solstício de Inverno estão despachados. Não vou comprar nada. Não vou fazer parte daqueles que vão gastar mais de 500€ em presentes (ainda gostava de saber como são feitas estas médias, tendo em conta que, a maioria dos portugueses, nem 500€/mês ganha).


E se todos fizessem o mesmo? Façam os vossos próprios presentes, têm outro significado, ou então, e já que vão comprar, porque não oferecem coisas realmente boas, em vez de inutilidades?



Tenho uma amiga que faz compotas, são deliciosas, feitas com bons produtos, e com preços muito em conta. Juntam o muito bom ao barato. (coisa difícil nos dias que correm).



O Inferno recomenda as compotas de http://obichofazcompotas.blogspot.com/ e, garanto, o bicho só entra nisto para as fazer, porque as frutas... essas são sem bicho. ]:-)



Quanto às vitim... cof cof cof aos amigos que terão direito a presente... espero que gostem de biscoitos.



]:-D

segunda-feira, novembro 14, 2011

Real steel - Puro aço


REAL BAD MOVIE - ARGHHHHH
(ainda choro o dinheiro que paguei pelo bilhete)

terça-feira, novembro 08, 2011

Perdão

"Perdão" é uma palavra com a qual tenho dificuldade em lidar, esta e a “desculpa”, há coisas que não se pedem, evitam-se.



Tenho uma memória selectiva, há coisas que se passaram na minha vida que simplesmente esqueci, apaguei, porque não foram importantes (as coisas) ou porque quem as praticou (as almas) também não foram importantes.


Todavia, e aqui parece uma contradição, tenho extrema dificuldade em perdoar (se é que algum dia perdoo) em lidar com traição, e deslealdade, vinda de alguém que eu ame realmente.


Existem almas com quem deixei de lidar há anos, porque me traíram, porque foram desleais, e eu, quando penso nelas, passados que são séculos sobre os factos, continuo a sentir mágoa, continuo a sentir-me traída, continuo a achar que não mereci a deslealdade. E são essas, aquelas a quem não perdoo, que eu sinto que gostei verdadeiramente delas, porque por muito esforço que faça não as consigo apagar da minha memória.


Há factos que me assaltam muitas vezes, que eu tento esquecer, mas que estão ali, quase todos os dias a piscar-me o olho e a dizer-me “eu traí-te”, é por isso que eu não perdoo, porque me lembro das traições, todos os dias.


Alguém tem um comprimido para apagar a memória?

sexta-feira, novembro 04, 2011

Serão?


As bolas de sabão são as lágrimas do arco íris.
Ass: Diabbita-Minorca

segunda-feira, outubro 24, 2011

E se...?






E se eu, algures no tempo, tivesse decidido algo diferente, uma atitude que fosse, será que teria a vida que hoje tenho?Vamos imaginar que a alma X nunca me apresentou a alma Y, ou que nunca tropecei na alma Z, que diferença isso faria no agora? Que outros rumos teria tomado a minha vida?

Será que quando nascemos já vimos com um caminho pré determinado? E só depende de nós o embelezamento do caminho, mais flores menos flores, mas o caminho é aquele?


Tenho dias em que me sinto refém dos lugares, das almas, das palavras, e atitudes.


E se eu nunca tivesse nascido? Será que o mundo era diferente?

sábado, outubro 15, 2011

Orgulho vs Arrependimento


Há coisas de que não me orgulho, mas das quais também não me arrependo.

(subir ao Pico é uma delas - dormi ali, dentro da cratera)

sábado, outubro 01, 2011

As odisseias de um motard



Começo por confessar que não sou exactamente fã incondicional de BD, isto apesar de ter a caverna entupida de "livros de bonecos", mas com os anos comecei a ler para além do Tio Patinhas e sobrinhos, para além do Asterix (gosto muito), e mais importante conheci humanos, ditos adultos, que se perdem a discutir personagens como se de humanos reais se tratassem "ahhhh as mamas da Red Sonja... uiii".

Depois de uns anos de resistência comecei a acompanhar o diabbo-marido à Tertúlia-dos-Cromos-da-BD (até vão saltar com a injúria, hihihihi), organizada, sempre, pelo incontornável Geraldes Lino, onde para além do jantar há convívio com artistas, e fãs de BD.

Ora nesses jantares, e por forma a dinamizar/alegrar ainda mais o convívio são feitos sorteios de livros/revistas/jornais/fanzines sempre sobre BD.

No último jantar (ok ok só fui a 2 jantares) aquiri 5 senhas, e... milagre calhou-me UM LIVRO A SÉRIO!! (desculpem-me mas, fanzines, comics com um número aleatório e em língua que eu não perceba, jornais de mil-novecentos-e-carqueja, não é coisa que me alicie), e melhor ainda, o autor/desenhador estava presente e foi ele que me entregou o livro em mão. Sorte hein?? Não é para todos.

Claro que me aproveitei dele logo ali, e pedi dedicatória no livro, e ele, simpático até mais não, prontificou-se logo a fazer-me a vontade. Obrigado Luís Pinto-Coelho.

Agora quanto ao livro:

Chama-se "as odisseias de um motard" e já vai no nº 5 (agora vou ter de procurar os outros 4), e conta em pequenas histórias, as histórias do Tom Vitoín, um motard que não troca a sua moto por nada deste mundo, e tem o mesmo problema que eu tenho com os livros: É incapaz de se desfazer das motas que vai tendo, ainda guarda a primeira, toda desfeita em peças dentro de uma caixa "que um dia re-montará", pelo que sempre que sente saudades vai ver as fotos da "moça".

O desenho é mesmo, mesmo, o meu género, gosto de bonecos com ar de bonecos, da clareza e cores dos mesmo, tudo muito "limpo", gostei das histórias, só me pareceu que o autor precisa de aprimorar o seu poder de síntese, dizer o mesmo, com menos palavras. Confesso que me parece existir texto a mais, que tapa o que não deve ser tapado: Os desenhos.

Recomendo a leitura, mesmo àqueles que não sejam (como eu não sou) motards, pois conseguimos rever-nos na maior parte das histórias.

Muito obrigado Luís Pinto-Coelho, foi um óptimo presente. ]:-)

sábado, setembro 17, 2011

Os dragões existem?


Será que os dragões existem? Alguma vez terão existido?



Folha Caduca, acha que são lendas, e olhem que ela já tem mais de 800 anos, deve saber o que diz. No entanto o seu neto, Folha Fresca, está convencido do contrário, e está apostado em arranjar provas.


Ana, a única humana nesta história, vai ajudá-lo, se calhar ela já viu mais do que o Folha Fresca, mas será que viu mesmo?


Uma história cheia de personagens mágicos, como a fada Sophia, o Ranzinza, neto do feiticeiro Algodão Doce, a bruxa Vinagre, e outros seres.


No final todos saberão a resposta. Até vocês, se lerem o livro, claro. ]:-)






Nota 1: A história está registada no IGAC (título, e nome dos personagens, incluídos).


Nota 2: O título pode não ser este, ainda iremos a votos.


Nota 3: E a azia que isto vai provocar em certas almas?? uiiii

quarta-feira, setembro 14, 2011

Apesar de tudo...

Nota-se que há por aí muita gente com falta de peso. ]:-)
Chato não é?

quinta-feira, setembro 01, 2011

o Fado de alguns

...é não serem honestos, viverem a tentar enganar os outros, querendo ser mais do que são. Na verdade há gente muito talentosa por aí, mas mesmo tendo talento em determinada área, querem aproveitar-se do trabalho alheio, fingindo ser seu o trabalho executado por outros.
E depois?? Depois não vendem!  hihihihihi ]:-D
Qualquer dia começo a acreditar em justiça divina, arghhhhhhhhh cof cof cuspe cuspe 

quinta-feira, agosto 25, 2011

É para amanhã

Há quem tenha como lema de vida o “de amanhã não escapa”, ou “para a próxima é que vai ser”, nunca tomam as decisões certas no momento certo, sendo certo que quando as tomam, e porque não foram tomadas no momento certo, correm o risco de serem erradas. Confusos? Eu também.



Às vezes gostava de encerrar o Inferno (não este, descansem, este não é um post para 3 ou 4 almas pedirem “ahhh e tal, não feches, gosto tanto de ter ler” (mesmo quando não lêem), ou, pior, para meia dúzia dar pulos de contente com “finalmente fechou aquela espelunca inútil” (e se calhar estes também não lêem nada do que aqui posto, ou então são os únicos que lêem)), partir sem destino certo, ficar só, sentada a olhar o horizonte do alto duma fraga, rodeada por estevas e giestas.


Tenho espírito de eremita, sonho com momentos de silêncio. Bastava-me uma caverna cheia de livros (já agora com wc, e água quente, odeio banhos gelados), tudo o resto era capaz de prescindir.


O barulho, as correrias, as mentiras, as facadinhas nas costas, as quebras de confiança… será que tenho tomado as decisões certas? Ou também sou daquelas que “só decido amanhã”?
A música do António Variações não me sai da cabeça.


Acho que a depressão de inverno chegou mais cedo.


domingo, agosto 14, 2011

Nosso Lar (??)

Acabei de ler um livro com o título "Nosso Lar", de Francisco Cândido Xavier, conhecido, no mundo do espiritismo, como "Chico Xavier". Sou um ser curioso, sempre fui, gosto de ler sobre diversos assuntos, e nunca dou nada como certo, sendo que sou de opinião de que somos "muito mais do que o corpo transporta" Uma amiga emprestou-me o livro, e... a linguagem é muito básica, simplória até.
Na verdade o Sr. Chico Xavier, que deve ter sido uma pessoa muito agradável para conversar, e certamente acreditava no que a sua imaginação lhe ditava, transformou a imaginação em 16 volumes (haja imaginação), onde um espírito falador, lhe transmitiu tudo o que escreveu.
O tal espírito (André Luiz), foi médico antes de morrer. No mundo do espíritos continuou a tratar, mas desta vez, espíritos doentes.
Mas, (no meu entendimento, claro), supõe-se que um espírito elevado, seja também esclarecido, e devia saber que os espíritos são isso mesmo "espíritos", não pode, enquanto ser espiritual tratar as outras entidades espirituais como homens e mulheres, e recomendar que as mulheres devem obediência aos homens. Então?? Somos todos iguais, mas há uns mais iguais que outros? (como em "a quinta dos animais" de George Orwell).
Tem outras coisas engraçadas, medem o tempo como nós "às 21h00 estávamos cansados mas felizes por termos ajudado", até têm meses como os nossos. E têm "ministérios" com ministros... ou seja com uma organização política, como na terra. Extraordinário.
E o mau gosto para nomes?... uiii suponho que o "nosso lar" era um lar de espíritos brasileiros, tendo em conta os nomes maravilhosos como: Clarêncio, Lascínia, Lísias, Salústio, entre outros do mesmo calibre, e dos quais não me lembro agora.
Parece que foi feito um filme, estreou no Brasil em Setembro de 2010. Não me lembro se passou nas salas de cinema da Tugalândia, suponho que não.
Mas o livro acaba por ter, na generalidade, uma mensagem  boa: diz para os humanos se portarem bem, ou depois têm que enfrentar uns demónios malvados, que lhes transformam a eternidade num inferno.

sábado, julho 30, 2011

Os olhos de minha mãe


                                                                             são os mais bonitos.

sexta-feira, julho 22, 2011

Trabalhadores do Comércio


Num soue fã de música (tuodos us humanos que me cunhecem sabem disso, carago) mas há sempre uma ou outra (música) que quando a oiço me leba pró milénio passado, hoije acunteceu isso c’us “Travalhadores do Cumércio”, biajei.



O diabbo-marido que, cumo tuodos sabem (ou debiam sabere) é um cromo da BD, cuompra semanalmente um libro que está a saire cum semanário (daí sere semanalmente, tão a bere?) que tein (o libro) a particularidade de trazere um CD, sendo quésta semana é o libro/música sobre os Travalhadores do Cumércio.


Cunfesso que me ri na pág. 26 (bão comprare, e beijam, ora, lebantem o nalguedo du sufá e toca a marchare prá libraria), o libro está um mimo, gustei dus deseinhos (é uma mistura entre bânda desinhada e ilustraçon – foi o que me pareceu, queu num percebo nadinha de BD), gustei da história, da forma cumo lhe pegaron pra falarem de si mesmos, atrabés do Hugo Jesus (argumento, balonagem, e legendagem), gustei MUNTO da ideia do sutaque.


Lere um libro onde num há uma escorregadela, e tudo nos soa na cabeça como se estibéssemos a oubire a malta do Puorto a falare, é do melhore.


Tudo bale a pena, o libro, os deseinhos, e o CD. A sério. Bon cumprare.


Nota: Nota-se muito que gostei de ler o livro com sotaque?

domingo, julho 10, 2011

A noite de todas as almas - A discovery of witches

Acabei de ler o primeiro romance de Deborah Harkness “A noite de todas as almas” (“A Discovery ok Witches” no original), recomendo vivamente a sua leitura, mesmo para quem não goste de leituras onde entrem vampiros, bruxas, demónios, e outros seres.



Tem uma óptima velocidade de acção, não fica a engonhar, são 699 páginas de aventura. Onde não só as personagens viajam no tempo como também nós o fazemos, e podemos “conversar”, entre outros, com Darwin, e Shakespeare.


O problema (que só descobri depois de ter comprado o livro) é ser uma trilogia, e já se sabe como são as editoras, é o cabo dos trabalhos para editarem o seguinte, e os leitores ficam completamente pendurados à espera do tomo que se segue, com a agravante de não sabermos (os leitores) datas previsíveis de saída para as livrarias. Eu costumo dar conta dos livros que vão saindo, porque sou visitante assídua de livrarias, mas há quem não seja. ]:-(


Por falar em Editoras, vou ter de escrever para a “Casa das Letras”, eles têm de ter mais cuidado, já nem digo com os tradutores, pois não tendo o original não posso dizer nada sobre se está, ou não, bem traduzido, (nem sei inglês suficiente para tal tarefa) mas, têm de ter muito cuidado com os revisores.


O “revisor” (notem as aspas) deste livro foi um tal João Vidigal, que, suspeito, não deve ter lido nem uma linha do mesmo, e deu o trabalho como executado (tendo, certamente, recebido pelo “trabalho feito”), são tantos os erros, gralhas, e omissões de palavras que não dá para enumerá-los. Uma “revisão” vergonhosa.


A Editora devia ter quem lesse a revisão do revisor, quase como uma “segunda opinião” quando vamos ao médico, e nem precisava (a leitura) de ser feita por outro revisor, bastava que fosse feita por um leitor normal, que tivesse o cuidado de ir anotando a lápis “os lapsos de escrita”.
A pergunta impõe-se: Mas ninguém naquela editora lê os livros que a mesma edita? Por puro prazer? Evitavam coisas como “um raio de luz entrou pela FISGA da porta” (esta da fisga arrancou-me uma gargalhada).


Os revisores não têm só que corrigir o português (coisa que o tal João Vidigal não fez), também têm de adaptar o português por forma a que a ideia do autor seja transmitida, ao invés de traduções literais, que nada têm a ver connosco.


Imaginem uma expressão que os portugueses até dizem com frequência: “põe-te na alheta” a ser traduzida literalmente para um livro em língua inglesa “put yourself in a female garlic”, acham que eles perceberiam? A mim não me parece. Acontece o mesmo com o inverso.


Bons revisores, precisam-se. (conheço quem faria um excelente trabalho de revisão, acho que vou dar a indicação à Casa das Letras)









sexta-feira, julho 08, 2011

Cuecas?

Chego à rua onde se situa a escola da diabbita-minorca, está no recreio, vê-me e corre para a rede, juntamente com as amigas, olha-me e grita:



Mamã, hoje não puseste as cuecas


Eu (embaraçada, e a pensar depressa “cuecas? mas eu tenho cuecas vestidas”): Desculpa filha, mas não estou a perceber (voz baixa, e ar enfiado, estou no meio da rua, a meio da tarde – aproximando-me da rede)


Ela (respondendo em voz baixa – já estou perto da rede): Então mãe, esqueceste-te de meter as cuecas no saco da praia, estou com o bikini.


Parece-me que estes pequenos terroristas vivem a conspirar para nos rasteirar em público. Grunfff

quinta-feira, julho 07, 2011

Aventuras Açorianas - TERCEIRA

8º dia: Levantámos às 7h00, fomos directos ao aeroporto, fizemos escala na ilha Terceira, 5 horas de intervalo entre o voo matinal, e aquele que nos traria a Lisboa, eu decidi ficar no aeroporto, sem mais canseiras, com o meu livro (história muito interessante, mas, suspeito, de tradução muito duvidosa, e com uma revisão vergonhosa, tem erros e gralhas que é um fartote, tenho quase a certeza que o revisor não leu nem uma linha, deu tudo como certo, recebeu o dinheiro, e passou à frente. Acho que vou escrever à Casa das Letras, do grupo Leya, deviam ser mais criteriosos com os revisores que contratam, enfim…). Vou a meio (o livro tem 699 páginas), mas recomendo “A noite de todas as almas” de Deborah Harkness.



O resto da malta resolveu ir explorar a ilha nas 5h00 da escala, iam à procura de “cracas” mas (chegaram todos com um ar muito feliz) afinal eram “bicos”, o Kanito contentou-se com um (fraquinho, acho que a subida, e descida, ao Pico, o deixou em baixo de forma, hihihihi), mas o diabbo-marido, cheio de pujança, pediu 10 (exibicionista) bicos, e ainda me disse com sorriso matreiro “eram baratos, 50 cêntimos cada” realmente eram baratitos eram, até percebo que a Tareca e a Marta também se tenham metido no assunto (muito modernas, hihihihi)  uma diabba já não pode virar as costas que começa logo tudo à “bicada”. ]:-/


Melhor momento do dia: Chegar a casa e abraçar a diabbita-minorca, e fazer festinhas na Flor.


Obrigado Jorge, és um grande organizador de férias. ]:-D

quarta-feira, julho 06, 2011

Aventuras Açorianas - PICO

5º dia: Chegamos ao Pico por volta das 10h00, pegámos no carro (pegou o Kanito) e fomos pousar as malas na nossa Casa Mistério, e ficámos todos a babar com a beleza da dita, pousámos as malas, e ala conhecer o Pico.



Fomos à Madalena, e de tudo o que vi, este foi o lugar menos bonito, tudo muito, como direi… continental. As almas jovens também usam calças no fundo do cu, e bonés ao contrário, armados em “brós” e “dâmas”, e ao contrário da generalidade não têm um ar simpático, aliás ainda olhei bem, a ver se não reconhecia nenhum dos meus arguidos habituais.


Fugimos da Madalena rapidamente, e rumámos às Lages (do Pico), linda, pacífica, com gente simpática por todo o lado (coisa comum nos Açores – a simpatia), comprámos o bilhete para irmos ver as baleias, e golfinhos no dia seguinte (estava tudo esgotado para este dia), almoçámos numa tasquinha com excelente comida (Troca a Nota, anotem, podem precisar), e com uma dona do mais simpático que há, além de nos fazer sempre desconto na conta, dava-nos sempre um mimo no final (rebuçados/chicletes). Aliás, logo neste dia, e por culpa dela (foi ela que ofereceu os rebuçados, logo, a culpa é dela), eu e o Kanito lutámos pela posse de um dos rebuçados, e um copo, para se escapar à contenda, pulou da mesa, e escaqueirou-se no chão. Foi suicídio copal, tenho a certeza. ]:-D


De seguida fomos a uma localidade de que nunca tinha ouvido falar: Cachorro (googlem). Oh é assim uma coisa fabulosa, tudo negro, casas, ruas, praias, mas tudo limpinho, e arrumadinho. Aproveitam a pedra de lava, que não lhes falta, e constroem. Visitem, vão surpreender-se. Procurem uma casa de artesanato onde podem provar diversos vinhos licorosos, e podem comprá-los, se quiserem, não é obrigatório (não são exploradores, podem trazer daqui lembranças para toda a família, e tudo muito em conta), não é difícil de encontrar, não há mais nenhuma. ]:-D


6º dia: Foi o dia mais radical.


Por volta das 10h30 saímos para ver baleias, fomos num bote igual aos botes militares, daqueles que voam por cima das ondas, e quando pousam... uiiii, o que vale é que os assentos (como se fosse a sela de um cavalo) eram confortáveis, senão teria ficado hummm achatada. Vimos um filhote de cachalote dar duas piruetas, vários bufos (aquele sopro que as baleias dão, expelindo água), diversos “moleiros” (golfinhos brancos) parecem fantasmas na água, e um bando (cardume?) de “riscados” (outra espécie de golfinhos) , não entrei em pânico com tanta água à minha volta, portei-me lindamente. Não tive nenhum receio, senti-me perfeitamente segura na mão daqueles biólogos/condutores de barcos. Aquilo é felicidade no trabalho, acho que dificilmente se encontram almas tão felizes enquanto trabalham. Explicam tudo, e ficam tão felizes como os “clientes” quando fazem um avistamento.


Na volta ainda recolhemos uma garrafa, e todos saltámos, a pensar que era uma “mensagem-numa-garrafa”, mas não, já devia andar no mar há muito tempo, tendo em conta os bichos que já tinha pegados ao vidro, mas lá dentro nada de mensagem, só tinha um caranguejo pequenito. Recolhemos a garrafa, o caranguejo foi devolvido à água. Recolhemos ainda dois baldes, e uma esponja. Aquela gente cuida do mar, preocupam-se.


Fomos almoçar de novo ao Troca a Nota, e ala para a Casa da Montanha (lugar onde, quem quer subir a montanha do Pico, tem que se registar, e o responsável do grupo recebe um aparelho para ser localizado por GPS).


Na subida muitas vacas tentáram impedir a nossa passagem, e eu devia ter aceite o aviso. Vacas espertas. Mas não, continuamos, ai aiiiiii


Às 15h30 iniciámos a subida, e, se eu soubesse o que sei agora, não teria passado do marco nº 2 (no total são 45), mas não, não querendo ser empata-subidas, porque se eu não fosse o diabbo-marido também não iria, e subir aquela coisa é o sonho de qualquer macho, grunfff só falta irem mijando nas pedras, como forma de marcação territorial, grrrrrrrrrrrr.


Com o coração a bombar, querendo saltar-me do peito (eu que sempre afirmei que não tinha coração, descobri-o na subida), lá fui subindo de marco em marco, parando o menos possível, pois descobri que a cada paragem, o recomeço era mais torturante. Acabei por passar para a frente (por não querer fazer grandes paragens), com o diabbo-marido a seguir-me, e… perdemos o resto do grupo de vista, fuck (disse tantos palavrões, mentalmente, nem fazem ideia, nem eu sabia que sabia tantos), entrei em stress, por isso decidi discretamente, não perder de vista a guia que ía à nossa frente, com um casal de jovens dinamarqueses. A guia (obrigado Celeste) foi uma querida, ao ver o meu estado, tão cansada que eu estava, com uma tenda nada ergonómica nas costas, disse-nos que os podíamos acompanhar, que ia por um caminho mais fácil, e pronto, lá fomos, chegamos meia hora antes do resto da malta. Fuck… 500 vezes.


Lá chegádos, armamos a tenda (ok, não é confortável no transporte, mas é um milagre na montagem, atirei-a ao chão, e ela armou-se sozinha), comemos as sandochas que levámos, bebemos um bocadito (tivemos que racionar a água, recomendo que, quem fizer aquela subida, não poupe na água, é preferível não levar comida), e fomos ver o por-do-sol mais espectacular que já vi ao longo dos meus 746 anos, o sol escondeu-se por baixo das nuvens e ficou tudo num laranja indescritível.


Começou a ficar um frio de rachar (fomos bem agasalhados, valha-nos isso), e fomos para a tenda. Nunca dormi (dormir??) tão mal, o chão em cascalho miúdo, o vento, e os barulhos fantasmagóricos são aterradores, parece que há sempre gente a andar à volta da tenda. Houve gente que chegou de noite (parece que há uns destemidos que sobem aquilo de noite, para verem o nascer do sol, são loucos), mas os barulho de pegadas, descobri que é o vento, que é tão violento, que, como as pedrinhas não são muito pesadas (lava porosa, já tão partida que é igual a cascalho) as levanta, e é esse arrastar de pedrinhas que parecem pegadas. Medonho.


7º dia: Levantei-me às 5h45, para ver o nascer-do-sol, tinham-nos dito que era fabuloso e coisa e tal… Estáva um frio de rachar (coisa para temperatura negativa) e… bofff oh nascer-do-sol, mais reles, deprimente mesmo. Desisti a meio, virei as costas ao sol e fui aquecer-me de novo para a tenda, ficou lá o diabbo-marido e a Marta, cheios de coragem. Também vieram desiludidos.


Arrumámos tudo e preparámo-nos para descer. Pensei “subimos em 3h30, descer vai ser mais rápido, e mais fácil”. Bom, mais rápido foi (3h00) agora mais fácil… cum catano, foi das coisas mais difíceis que já fiz (ok, ok, ter filhos é pior).


Cheguei a um ponto em que o cérebro, e pernas se desentenderam, o cérebro ordenava movimento, e as pernas “nicles”, muito mau, descer é muito mau.


Subir a montanha mais alta de Portugal é um sonho?? Não. É um pesadelo.


Mas descê-la é mais que um pesadelo tornado realidade, é um filme de terror, onde se é a presa do cansaço, físico, e emocional.


O espectáculo do por-do-sol valeu o esforço? Não.


Repetiria a façanha? NÃO!


Estou arrependida de o ter feito? Não, claro que não. ]:-D


O diabbo-marido, dormiu (depois de chegarmos a casa, e termos tratado de mais umas compras) cerca de 13h00 seguidas, eu dormi 9h00 (não sou de dormir muito mais que 8h00)

terça-feira, julho 05, 2011

Aventuras Açorianas - S. JORGE

3º dia: Levantámo-nos às 5 da manhã (uiii) e rumámos, de barco, à ilha de S. Jorge, tomei comprimido para o enjoo, fiquei sonolenta, e mal-humorada o dia todo. A comida neste dia, foi má, mesmo. Passeámos, vimos muitos prados (senti falta de vegetação mais alta nesta ilha), e centenas de coelhos, saltitam pelas estradas, suspeito que nesta ilha os coelhos são uma praga, não é possível haver tanto coelho em tão pouco espaço. Aquilo é o paraíso para qualquer caçador.



4º dia: Ainda em S. Jorge, munimo-nos de sanduíches, fruta, água, e fomos descer a Fajã de Santo Cristo, recomendo, é um passeio lindíssimo, onde já existe vegetação mais alta (montanha), muita urze, e hidranjas (hortênsias) por todo o lado, mesmo nos lugares mais improváveis.


Logo no início da caminhada deparámo-nos com uma manada (3 bezerros, 2 touros e umas 4 vacas) a interromper o caminho, eu, corajosamente, que ia à frente do grupo, passei logo para trás, não fosse ser uma emboscada. (foi só mesmo por altruísmo, não foi receio dos bichos, ouviste oh Kanito?) ]:-D


Bom, passados uns 10 ou 15 minutos, e visto que os bichos não mostravam vontade de sair dali, o Kanito lá começou a bater palmas e tal, e as vacas pensaram que ele era alguém conhecido (estão habituadas com cães, acho eu, na verdade não vi cão nenhum, em nenhumas das ilhas) e lá se foram desviando, e nós passando em fila indiana, com os bichos a olharem-nos com um ar desconfiado. (Houve uma vaca que se enfiou para dentro de umas hidranjas, e depois de termos passado, olhámos, e ela estava a espreitar, parecia um dos irmãos Dalton, se calhar estava a apreciar as nossas fatiotas, e a invejar-nos os bastões, que usávamos para nos amparar a caminhada). Suspeito que eram vacas, e bois mutantes, aquilo devem ser arraçados de cabras, como é que conseguem subir aqueles caminhos tão íngremes?? Mas foi uma bela caminhada de 5 kms. Quando chegámos ao fundo da Fajã comemos umas conchas num cafezinho, (lugar só com umas 10 casas, e sem electricidade, portanto café "só de saco") cujo dono era uma simpatia, e depois fomos piquenicar no adro da casa da concorrência.


De barriga cheia, seguimos para a Fajã dos Cubres, caminho muito mais fácil (mas não tão bonito, na minha opinião), mais 4kms, chegados lá, o Kanito e a Tareca foram de táxi buscar o nosso aventura-mobil, os restantes (eu, diabbo-marido e Marta) ficámos à espera, a descansar à sombra, a beber refrescos.
Aiiiii os meus gémeos.

segunda-feira, julho 04, 2011

Aventuras Açorianas - FAIAL

1º dia: Chegámos e tínhamos à nossa espera, no aeroporto, a dona da casa que arrendámos por 2 noites, apareceu lá, sem se combinar nada, só porque “devem trazer muitas malas, vou ajudá-los”, foi logo a primeira boa surpresa. A D. Eduardina Rosa é uma simpatia. Recomendo. Se forem ao Faial procurem “Casas Capelo” Turismo Rural. A casa do Varadouro é linda, e está num lugar fantástico.



Ainda fomos à Horta, aproveitámos e fomos ao supermercado, afinal o diabbo-marido fazia aniversário, decidimos (secretamente) que íamos comprar um “Molotov”, pudim/bolo por todos apreciado, mas… ele deu conta que estávamos a segredar e ficou atento. Quando percebeu o que íamos comprar, fez um birra (MESMO), não queria aquele, aquele podia comer todos os dias, como era aniversário queria o bolo que tinha o “Homem-Aranha” (!!!) bem o tentámos demover, e nada, não arredou pé, o aniversário era dele, e queria o do Homem-Aranha, fez uma beiça. Cum catano, birras de diabbos-cotas?? Comprámos o raio do bolo.


2º dia: Fomos à Caldeira, e só vos digo uma palavra sobre este lugar – Imponente.


Depois da Caldeira, rumámos ao extinto (por agora) vulcão dos Capelinhos, e mais uma vez – Imponente.


Vimos o farol dos Capelinhos soterrado , sobrou um andar e a torre do farol, o poder na natureza está ali em todo o seu esplendor .


Subimos a parte “nova” da ilha, criada pela erupção do vulcão, custou um bocado subir aquilo, cheguei lá acima completamente a arfar, e como não gosto de coisas muito radicais (chegar-me à ponta da falésia para espreitar o mar a bater muitos metros abaixo, é uma delas), decidi sentar-me numa pedra lá no topo, a descansar, via a paisagem enquanto esperava que todos espreitássem o mar (como se o mar fosse coisa nunca vista numa ilha… boff).


Estava eu a descansar quando reparo que um gaivoto (hoje tenho a certeza que era um ele) faz um voo razante a mim, claro que pensei “gaivota vesgarolha”, e sigo-a com o olhar, e… o raio do bicho faz uma travagem no ar (juro), volta-se de novo para mim, olha-me nos olhos (deve ter pensado “hummm olha a faneca gordinha”) e zás… voo picado na minha direcção. Porra. Levanto-me, e qual Tom Sawyer a fugir do índio Joe, nas margens do Mississipi, corro que nem uma tresloucada em direcção do grupo, afinal a ponta da falésia não me pareceu um lugar assim tão mau. Quando voltámos para trás, e passámos pelo gaivoto, que entretanto tinha pousado na pedra onde eu estava sentada, juro que ouvi um risinho (sim, do gaivoto foi risinho, porque dos “amigos” + diabbo-marido eram mesmo gargalhadas). Grunfff

sexta-feira, junho 17, 2011

Viagens

Não sou uma diabba viajada, por motivos vários nunca fui de me afastar muito da caverna, e, confesso, não gosto de me ausentar muito tempo, stresso na ida, tudo me enerva, e stresso na volta, porque nunca mais chego, e só quero é estar no meu Inferno particular.



Mas este ano, excepcionalmente, laureei bastante a pevide (o “bastante” é relativo, é muitíssimo para mim, que nunca ponho a cauda fora do Inferno), em Janeiro fui, com o diabbo-marido, até Angoulême, ao Festival Internacional de Banda Desenhada que por lá se faz anualmente, fiquei fã, aquilo é um mundo à parte, é a loucura da BD, mas uma loucura civilizada. Pena é que fique um bocado fora de mão (e puxado para a carteira), senão era diabba para voltar lá em 2012.


Em Março fui à Holanda, fiquei em casa da minha amiga Dóris, uma das almas mais doces que eu conheço, é a alegria em alma, e uma anfitriã soberba, andou connosco (eu, diabbita + Luísa Cunha) para todo o lado, mostrando-nos tudo o que achou que nos poderia interessar. Oh pah, só vos digo, eu era bem capaz de me habituar, muito depressa, a viver em Den Haag (Haia). Adorei lá estar, adorava viver lá. A sério.


Agora preparo-me para ir com o diabbo-marido, o Rafeiro, a Gata, e a Marta, até aos Açores. O Rafeiro organizou tudo ao milímetro, acho que o vou contratar para a eternidade, gosto de coisas assim, organizadas, e sem grandes surpresas, gosto de saber com o que conto.


Vamos subir o Pico, parece que vai ser duro, vamos dormir lá em cima uma noite, vamos cair de cansados, mas vou estar muito mais perto das estrelas que a maioria das almas, e vou curtir o silêncio. Adoro o silêncio.
Mas mais que o silêncio, adoro as almas com que vou, e não me imagino em melhor companhia, só faltando a minha querida Anjja, e o meu querido M., acho que todos juntos, cada um com as suas diferenças, faríamos um grupo inesquecível.


Depois conto tudo.

segunda-feira, junho 13, 2011

Guerras


Confesso que me divirto com guerras, virtuais, entre almas que nunca se viram. Nunca chego a perceber bem o que espoletou a coisa, normalmente apanho a guerra já no auge, e fico por ali sentada, a comer pipocas, e a ver as guerreiras (normalmente estas guerras são entre mulheres, por que será?), todas descabeladas, de olhos raiados de sangue, baba raivosa e corrosiva a cair, a vociferarem ameaças.



Bom, como disse, nunca sei quem começou, mas (e o recado é para as pessoas que me conhecem pessoalmente, e portanto sabem que falo para elas) não seria melhor nunca (e quando eu digo nunca, é mesmo zero, nada… estão a ver?) ripostarem? Quando é que vão perceber que a não resposta, a ignorância total e absoluta, é a melhor arma? A que penetra mais fundo, a que corrói.


Conselho? Sempre que se sentirem ofendidas, mandem flores, postem flores, corações fofinhos, façam declarações de amor. Há coisa pior que isso? Não, é claro que não.


Boceses (sim, boceses) soindes umas grandes nabas!

quinta-feira, junho 02, 2011

Festival BD Beja



E pronto, estive no meu Festival de Banda Desenhada favorito - o de BEJA. Não há nada que eu não goste lá, gosto das pessoas, da comida, do ambiente, da descontração dos artistas, que se misturam com a malta, sem estrelismos bacocos. É muito, muito fixe.
No próximo ano, lá estaremos, logo na sexta, para curtirmos mais um bocadinho aquela cidade pacífica, o calor, a cerveja, os caracois (o diabbo-marido fica com esta parte, que a minha mortal é trasmontana de gema, e nem pensa em comer aquelas amostrinhas de... hummm qué qué aquilo? Carne? hummm, bom, num como aquilo e pronto).
Ahhhh lembrei-me agora, há algo que não gosto em Beja, e recomendo que não entrem lá: o Restaurante Alcoforado. Servem mal (o peixe que comi na sexta, suspeito que já tinha uns dias, nem o comi todo, o ultimo bocado sabia mal), são antipáticos, e não têm nada de tradicional da zona. Os artistas queriam provar um licor da terra, e nada, nem o Licor de Poejo!!
Adoro o Professor Baioa Monteiro, homem de muita cultura, e que sabe transmitir como ninguém o seu saber. Este ano mostrou-nos (literalmente) a história do azulejo (pisei um verdadeiro azulejo romano, ahhh pois pisei, se calhar houve um centurião que pisou exactamente aquele mesmo bocadinho que eu). E não se choquem nem venham com o "ahhh é assim que as coisas se estragam, esta gente a pisar azulejos com séculos" pfff o Professor Baioa Monteiro disse "é para pisar, estão no chão, não estão?" E pronto, perdemos logo os salamaleques, e andamos à vontade na capela do claustro onde esteve a Mariana Alcoforado (googlem).
Para o ano acho que vamos falar de pintura, ou então não, que o professor gosta de improvisar. ]:-D
O Paulo Monteiro (director do Festival) é o maior, trabalha que nem um louco, para que tudo fique pronto a tempo e horas. Pelas minhas contas fez uma directa de 48 horas, mas ele gosta tanto do que faz que nem se notava (muito), o quão cansado estava. Sempre a sorrir, e sempre disponível, um exemplo a seguir. (Devia fazer um workshop sobre "como organizar BEM um festival de BD" - há quem precise, eu sei que há).
E pronto, muito fica por contar, comprei 2 livros para ofertar ao Diabbo-marido um com ilustrações lindissimas, de Luis Royo "Prohibited Book 3", e o "Clara de Noite" de Jordi Bernet, Carlos Trillo, e Eduardo Maicas. Já me diverti muitissimo a ler este último. Espero que gostem da história que eu escolhi para ilustrar este post. A Clarinha é uma profissional da mais antiga profissão do mundo, e tudo faz para que todas as fantasias dos clientes sejam satisfeitas. ]:-D

segunda-feira, maio 02, 2011

Thor


Não vou dizer nada sobre o filme, é fixe, vê-se bem, é uma boa introdução à personagem que vai aparecer noutros filmes.
Agora... estou danada, que merda é esta de quase todos os filmes serem (dizem eles) em 3D ?? Não que me importe de ver a 3D, e pagar o preço respectivo, mas quando o 3D é de qualidade, o que não é o caso!! Grunffff
O filme Thor tem uma imagem 3D miserável, só raramente parece ter alguma profundidade de imagem, de resto via-se tão bem com os óculos especiais, como sem eles.
É indecente cobrarem mais 3€ por bilhete, por algo que, na realidade, não existe.
Gostava muito de ter a alternativa de ver filmes em formato digital, em vez de me imporem 3D de qualidade para lá de muito duvidosa.

Ahhhh e claro, fomos ver o filme com os suspeitos do costume.

sexta-feira, abril 22, 2011

Vai para o cesto da gávea


Segundo a Academia Portuguesa de Letras, "CARALHO" é a palavra com que se denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas (navios antigos, usados nos descobrimentos) e de onde os vigias perscrutavam o horizonte em busca de sinais de terra ou de algum navio pirata.



O CARALHO, dada a sua situação numa área de muita instabilidade (no alto dos mastros), é onde se manifesta com maior intensidade o rolamento ou movimento lateral de um barco.


Também era considerado um lugar de "castigo" para aqueles marinheiros que cometiam alguma infracção a bordo. O castigado era enviado para cumprir horas, e até dias inteiros, no CARALHO e quando descia, ficava tão enjoado que se mantinha tranquilo por um bom par de dias.


Daí vem a célebre expressão: "MANDAR PARA O CARALHO".


CARALHO é a palavra que define toda a gama de sentimentos humanos e todos os estados de ânimo.


Quantas vezes, ao apreciar uma coisa que é boa ou que te agrade, não exclamaste isto: "É DO CARALHO"!


Se te aborreceres com alguém, vais mandá-lo para o CARALHO, certamente!


Se algo não te interessa, não vais querer "NEM POR UM CARALHO".


Mas, se esse algo te interessa muito, então vais dizer..."É DO CARALHO".


Também são muito comuns as expressões:


Essa... "É BOA PRA CARALHO".


Esse gajo... "É DO CARALHO".


Esse lugar... "É LONGE PRA CARALHO".


IIIHH CUM CARALHO


E não há nada que não se possa definir, explicar ou enfatizar, sem se juntar um CARALHO a qualquer expressão.


Se um comerciante se sente deprimido pela má situação actual de seu negócio, exclama, quase sempre assim:


"VAMOS TODOS PRÓ CARALHO"!


Quando se encontra alguém que há muito tempo não se vê, pergunta-se: "ONDE CARALHO TE METESTE?"! (aqui, CARALHO é usado como vírgula).


A partir deste momento poderemos dizer CARALHO, ou mandar alguém para o CARALHO, com um pouco mais de cultura e autoridade académica.


E que tenhas um dia muito feliz, ou seja: Que tenhas um dia do CARALHO!!!

Nota: texto retirado daqui .
Nota2: Os plagiadores que vão todos para o Cesto da Gávea!!



domingo, abril 10, 2011

Plágio encapotado

E se virem algures por aí, nas livrarias, um livro que vos faça lembrar a história que a seguir vou colocar saibam que o tal livro nada mais contém que um reles plágio, encapotado, de uma história que é minha, e está com os direitos autorais registados no IGAC (Inspecção-Geral das Actividades Culturais), sob o nº 3835/2010.

GUIÃO DO LIVRO DE BD “RES PUBLICA”



Autora dos Textos: Diabba (no registo coloquei o nome da humana em que habito)
A)


Lugar: café Martinho da Arcada.


Data: Novembro


Descrição do cenário


Tempo estranhamente quente para a época, Verão de S. Martinho (11.Nov), é fim do dia e o céu está em tons de guerra, avermelhado, e está abafado.


Encontramos o Eça e o Ramalho, sentados na esplanada, em amena cavaqueira, enquanto observam o burburinho do povo, na sua azáfama diária.


Há um cheiro de castanhas assadas no ar (está lá um vendedor de castanhas) pobremente vestido, como aliás estão todos os de baixa condição social.


Lisboa, Novembro de 1896.


Eça de Queiros, chegado de Paris, e Ramalho Ortigão, passeiam, em amena cavaqueira, na baixa lisboeta.


Ram - … pois, a minha Emília diz que os anos bissextos são aziagos. Coisa de mulheres, ou terá ela razão?


Eça – Oh meu amigo, nem parece a pessoa evoluída que eu sei que é.


Ram – às vezes desmoralizamos! O povo nunca está contente, por muito que se faça por ele.


Eça – Isso é bem verdade. Temos um dos reis mais cultos e interessados pelo bem estar da nação, e que valor lhe dão? Nenhum. Querem a república. Maltrapilhos.


Ram – é o nosso fado.


Eça – Qual fado, nem meio fado, Portugal tem de acompanhar o resto do mundo. Já viu como está Paris?


Ram – É verdade. Em Portugal electricidade, nas ruas, há! E porquê? Porque há meia dúzia de carbonários, que instigam o povo a querer menos, imagine o meu amigo. Devem pensar que é uma vaidade régia, ignorantes!


Eça – Já viu o meu amigo que este ano recomeçaram os Jogos Olímpicos, e ninguém fala disso!


Ram – Jogos? Oh meu amigo, o povo quer comida, não se interessa por jogos, por aqui só se for o jogo do eixo ou o jogo da malha (e sorri, bonacheirão)


Entretanto ouve-se ao fundo um ribombar, um som cavo, pode ser um trovão, o povo passa mais apressado, quase a correr.


Eça – Vamos embora meu amigo, vem aí uma trovoada.


Ramalho fica atento


Ram – Ainda deve estar longe, mas vamos!


Ram – Jantamos no Grémio?


Eça – Estou com saudade de um bom tinto do Dão. E de ouvir fado, apetece-me.


Ram – De que estamos à espera? Vamos a isso! E vamos a pé, para o meu amigo rever a cidade.






Começam a subir a Rua do Ouro (ver que velhas lojas existiam na Rua do Ouro)






Ram – Então mas conte-me, e as francesas?


Eça – Lindas que são, e cultas, não há o provincianismo, que está tão arreigado às mulheres portuguesas.


Ram – Ouvi uns zun-zuns que o meu amigo gosta é de inglesas, ehehe.


Eça – Boatos, a inveja provoca boatos!






Neste entretanto vão passando por pessoas de diversas classes sociais, e vão ouvindo frases soltas:


- …haviam de lhes acabar com a raça!


- meu nosso senhor Jesus Cristo.


- bandalhos.






Passam duas varinas, uma dela nova, bonita, avantajada de peito.


Ram – Olá cara laroca! (olhando lascivamente para a varina)


Varina – Olhó avozinho qu‘inda acha c’olham p’ra ele, vá mazé pró pé dos netos!


As varinas vão-se embora a rir, deixando o Ramalho semi-embaraçado com a resposta.


B)


Lugar: Vila Viçosa,


Sala de visitas “de confiança” (ver fotos), colocar o quadro feito pelo Rei “a varina”, inacabado, ainda no cavalete.


O rei observa e endireita o quadro que representa o iate D.Amélia III, dá de comer aos peixes do aquário


D. Carlos - … em Paris estão a construir uma torre toda em ferro, que é uma obra de engenharia magnifica.


Arnoso – Já ouvi falar Majestade, um dinheirão deitado fora!


D. Carlos – É um símbolo, uma coisa magnifica, é pena que seja só para a exposição.


Chega a D. Amélia, já acompanhada pelo José Malhoa


D. Amélia – Carlos, chegou o mestre Malhoa, não se esqueceu que tem que posar para o retrato real, pois não?


Malhoa – Majestade. (faz vénia respeitosa)


D. Carlos – Claro que não. Seja bem vindo mestre.


Malhoa – É uma honra retratá-lo Majestade.


D. Amélia – Sabe Carlos, o mestre Malhoa foi perseguido na rua por um lunático!


D. Carlos – Mas ao que vejo nada de grave aconteceu aqui ao mestre Malhoa, não lhe falta nenhum bocado!


D. Carlos – Bem mestre, vamos lá despachar isto, tenho que ir vestir a farda de gala?


Malhoa – Não é necessário Majestade, pinto as mãos e o rosto, o resto ficará por conta de um manequim de madeira. Assim não ficará Vossa Majestade cansado desnecessariamente.






O Rei posiciona-se para o retrato (ver foto de D. Carlos), o Malhoa compõe o Rei, por forma a colocar as mãos em determinada posição


D. Carlos – Então mestre, conte-nos o que se passou, em que sarilhos se meteu lá por Lisboa…


Malhoa – Imagine Vossa Majestade que, estava eu ali para os lados de…






C)


Lisboa,


Descrição do cenário: Malhoa passeia, com folhas de desenho semi-soltas debaixo do braço, lápis de carvão .


Há um ajuntamento de pessoas na rua, e Malhoa aproxima-se. Está uma rapariga, grávida, traços fortes de rosto, a cantar fado de olhos semi-cerrados, acompanhada de um guitarrista (o guitarrista tem a cabeça coberta por um chapéu ou boina).


Fado que está a ser cantado:


Sou fadada para o fado


Nele está o meu viver


Vejo-o em todo o lado


Sem ele prefiro morrer (letra inventada por mim, achei melhor, do que sermos acusados de plágio, por alteração de palavras num fado existente) hehehe


Há moedas dentro de uma caixa, e duas ou 3 fora da caixa, atiradas por quem assiste ao espectáculo de rua.


Malhoa fica encantado com o quadro que se lhe apresenta, e saca do caderno e lápis de carvão e começa a esboçar a fadista. (Adelaide da facada, ainda sem facada)


O guitarrista (Amâncio navalha) ao reparar no que Malhoa está fazer (já tem traços feitos) questiona-o de forma agressiva


Amâncio – Oh finório, estás a pintar o quê? Conheces a minha Adelaide d’algum lado?


Malhoa pára de pintar, e para evitar o confronto (até porque o Amâncio levou logo a mão ao bolso e sacou a navalha ainda fechada), foge (deixa cair algumas folhas brancas)


O Amâncio persegue-o


Amâncio – Oh pincelinho pára que eu também te quero fazer uma pintura nova!


Amâncio – Somos gente honesta, não é para qualquer porco vir pintar a Adelaide sem dizer nada!


O Malhoa bem se tenta explicar enquanto foge:


Malhoa: Oh amigo, não é nada disso, sou uma pessoa de bem!


Amâncio: És de bem és, espera que eu já te digo, tratante, finório dum raio.


Amâncio corre atrás de Malhoa e vê-se que a navalha já vai aberta.


Amâncio: Oh pincelinho, espera aí p’ra conversarmos! (enquanto olha para todos os lados, para evitar ser visto de arma na mão)


Nisto ouve-se um estrondo, um som cavo, uma explosão.


Amâncio pára atarantado


Amâncio: Mas c’um raio, um tiro de canhão?


Passam por ele dois homens, vestidos de negro, de cabeça coberta, a correr desenfreadamente.


Amâncio: C’aconteceu?


Um dos homens: Foge primo, larga a navalha!


Amâncio: Primo? Não sou teu primo, largo-te é a navalha no bucho!


Aparecem 4 ou 5 polícias (ver fardas da época) a correr, vão direitos ao Amâncio (de faca na mão) e manietam-no, e gritam para trás (como se viessem mais polícias)


Polícia: Apanhámos um, vai cantar como uma cotovia! (e vão dando uns socos no Amâncio)


Ouve-se ao longe, vinda do breu: Coragem primo, não fraquejes, em breve estarás connosco!


Amâncio: Estão enganados (para os polícias) não sou primo de ninguém, a minha mãe nem tinha irmãos, e não sei quem é o meu pai.


Amâncio: Estou inocente! Larguem-me!


Amâncio: Ajudem-me! (pede em altos berros)


E vai arrastado pela polícia.






D)


Eça e o Ramalho chegam à zona da explosão, há muita confusão de pessoas, fumo no ar e vidros partidos, com os lojistas à porta de mãos na cabeça, e dizem frases soltas:


- E agora quem nos paga?


- É só desgraças.


- Calha sempre ao mexilhão.


- A guerra é deles, os problemas são nossos


Eça: Afinal o som que ouvimos não era trovoada.


Ramalho apanha uma placa de metal, do chão, toda torta, um anúncio que diz “a Flor de Lys”


Ramalho: Está a ver isto?


Eça: Um símbolo da monarquia, foi um atentado?


Ramalho: Com certeza! Isto é uma vergonha! Não é civilizado. Anarquistas sem escrúpulos!


Eça: Acha que a carbonária está metida nisto?


Ramalho: Oh meu amigo só um cego é que não vê! Está cego? (defendendo a sua opinião de forma apaixonada)


Eça: Este assunto deixou-me mesmo com fome, não lhe apetecem uma passarinhos fritos? (dando uma piscadela d’olho ao Ramalho)


Ramalho: Um assunto destes e pensa em comida? (agastado com a insensibilidade do Eça)


Eça (rindo): Calma, calma, é que ouvi dizer que no Café Gelo servem uns passarinhos que ui ui (faz gesto com dedos ao pé da boca para mostrar que eram um pitéu)


Ramalho (percebendo-o): Ao Café Gelo? Enlouqueceu? É um antro de percevejos, carbonários por todo o lado, anarquistas, bandalhos! (novamente com ar apaixonado pela questão)


Eça: Há que viver perigosamente (ar jovial) meu amigo! Eles atacam-nos nas ruas, nós visitamos-lhe o covil, e atacamos!


Ramalho: Atacamos? Perdeu o tino?


Eça: Atacamos com as nossas armas!


Ramalho (abrindo o casaco): estou desarmado…


Eça: Armas? Afinal o louco é o meu amigo.


Ramalho: Vai dar-lhes umas bengaladas? Ahahahahah sempre quero ver isso!


Eça: Isso nem parece seu, as nossas armas são as letras, vou declamar!


Ramalho: Zé Maria, você é diabólico, arrisca-se a um linchamento…


Eça: Viver perigosamente (e volta a piscar-lhe o olho)


Páram em frente ao Café Gelo


Eça: Então, entramos?


Ramalho: Que aventura!


Entram.


O café que estava com muito burburinho de conversas várias pára de repente, com todos a olharem para os dois visitantes, todos de cenho franzido e com ar pouco amigável.


O Ramalho sente-se desconfortável e esconde-se atrás do Eça.


Eça (com ar jocoso): Oh meu amigo, esta gente ainda pensa mal de nós, consigo tão encostado a mim…


Ramalho: Sentemo-nos já aqui. (puxando o Eça, para a mesa vazia que estava logo à entrada).


Ramalho: e nem pense em declamações, que ainda saímos daqui deitados!


Sentam-se com todos os olhos dos presentes no café, cravados neles.


Vem o patrão, com um ar sebento, pano ao ombro e barba de 4 dias.


Gelo – Atão que tomam os esticadinhos desta mesa?


Eça – Dois passarinhos fritos. Ouvi dizer que este estabelecimento tinha um grande “savoir faire” na confecção destes “hors d’oeuvre” e que são digno de um, “cordon bleu”.


Gelo – Hã? Vocemeceses estão a dizer o quê? Mau, mau Maria, brincam comigo?


O Ramalho continua com um ar contrito, observando, também, quem os observa


Eça – e com duas tacinha de Champagne. Tem “Veuve Clicquot”?


Gelo – Oh Germana, vem tu aqui atender estes dois passarocos a ver se os entendes.


Nas mesas ao lado começam a gozar com os “esticadinhos”


1 - Oh franciú, queres vender o espingardú p’ra matar o pardalú?


2 – ahh num comprã pá?


3 – Não compram cá, nem noutro lado. (rebentam gargalhadas por todo o café)


Aparece a patroa com uma travessa de codornizes e dois copos na mão.






E)






Local: Herdade do Vidigal


Acção: céu, ouve-se um tiro e vê-se um pássaro a cair em linha recta (morto). Vê-se um cão de caça (ver as raças dos cães de caça do Rei) a partir em corrida em direcção ao sítio onde caiu o pássaro, e dp vê-se a voltar com o pássaro na boca. O Rei baixa-se tira-lhe o pássaro e faz-lhe uma festa agradecendo


Rei – bom cão, bom cão (e dá-lhe umas palmadinhas no lombo)


Tem com ele o Conde de Arnoso, seu secretário/conselheiro/amigo que o acompanha na caçada.


Arnoso – como lhe estava a dizer Majestade, o povo nunca está satisfeito…


Rei – o povo? Coitado do povo, o povo não tem voz activa. Infelizmente a voz do “povo” são meia dúzia de sacripantas que lhes falam ao coração, dizendo um chorrilho de mentiras, e o povo crente e temente, tudo aceita.


Começam a caminhar, com as armas em repouso no braço.


Rei – Os republicanos não nos perdoam o que teve que ser feito com o “Ultimatum” inglês, não percebem que seríamos chacinados, e o que é um pedaço de terra, por muito grande que seja, comparada com a vida das pessoas? Nada!


Arnoso – eu sei Majestade, “a Portuguesa” anda de boca em boca, como quem canta um hino…


Chegam ao pavilhão de caça da Herdade, entram. Mostrar o pavilhão por dentro, incluindo a estatueta que representa o Eça.


Rei – esses cães sarnentos só mostram ao povo o que lhes convém, olhe lá se tentam com que o povo fique mais esclarecido, não pois não? Ninguém do povo conhece o Eça de Queirós, (pega na estatueta) por exemplo, e como ele é grande. Nada fica a dever aos maiores escritores da actualidade, e tenho cá para mim que dificilmente será ultrapassado pelos vindouros.


Arnoso – ora Majestade, se nem os que sabem ler o conhecem, que se dirá então do povo! E já não deve ter muitos anos pela frente, a última vez que o vi, saiba Vossa Majestade, que o José Maria estava muito, muito debilitado.


O Rei, pousa a estatueta do Eça e aproxima-se dum aparelho, que é uma moderna máquina fotográfica da altura.


Rei – Lamento sabê-lo. Tenho que o convencer a deixar-me tirar-lhe um retrato. (o Rei coloca a mão em cima da máquina)






F)


Cenário: Esquadra de polícia.


Na 1ª vinheta aparece uma máquina fotográfica. Dp vê-se uma panóplia de apetrechos que mais parecem de tortura.


Depois vê-se o Amâncio um bocado maltratado fisicamente, um olho roxo, e fechado, com sangue a sair do nariz, e uma pessoa de bata branca (fotografo) a limpar-lhe a cara com um pano.


Fotografo policial – Esteja quieto.


Polícia – Tem lá calma, isto é rápido, se não tiveres nada a esconder… (ar ameaçador)


Há mais 1 polícia numa secretária, a escrever (as esquadras já teriam máquina de escrever? Tenho cá para mim que era tudo feito à mão, preenchiam uns papeis já prontos, como os que fotografei na Cadeia da Relação do Porto)


O fotografo, de bata branca, começa a colocar o aparelho na cabeça e pescoço do Amâncio, que fica apavorado, pensando que vai ser torturado.


Amâncio – eu não fiz nada, juro!






G)


1900 (ano de morte do Eça)


Eça e a mulher, vivem em Paris, visitam a feira popular. Eça está muito acabado, acorcunda e está visivelmente doente.


Emilia – Queres ir embora Zé Maria? Vamos até aos Campos Elísios, sentamos-nos numa esplanada, tu descansas, enquanto lanchamos.


Emília – Não te apetece uma taça de Veuve Clicquot? Pode ser que te volte a cor à cara.


Eça – O que me falta mesmo é um copo de vinho, trocava toda a champanhe do mundo por um copo de vinho do Dão, no Café Gelo, isso e uns passarinhos fritos!






H)


Malhoa, na Mouraria, vai com as folhas debaixo do braço, boina na cabeça, lápis a saírem do bolso do casaco.


Entra numa tasca, daquelas bem sebentas, com mesas em madeira e bancos de 3 pernas, há bêbedos lá dentro. O patrão, de palito no canto da boca, limpa o balcão com um pano sujo. Nas mesas há canecas de barro (daquelas de barro vermelho), com vinho, e copos de vinho, uns meio cheios outros vazios, e outro acabado de encher ainda com bolhinhas em cima, com um dos bêbedos ainda a acabar de encher (vinho a sair da caneca e a cair no copo).


Malhoa entra e senta-se, e faz sinal ao taberneiro


Malhoa – Um copo de três e pão com torresmos


Entram 2 putas, para entrar levantam as saias, e mostram as pernas até aos joelhos, estão pintadas duma forma exagerada, muito blush, baton vermelho, um sinal na cara.


Puta1 – Eh lá, quem é que temos por aqui?


Puta2 – É para mim ( diz para a 1). Oh bonitão não quer subir comigo? Não precisa do vinho, eu aqueço-o!


Puta1 – Oh Micas, não te esforces, não vês que é pintor? Este só usa o pincel para pintar.


Puta2 – Podia pintar o quarto…


Patrão – Caluda, que se vai cantar o fado!


Aparece um gorda, feia, com um ligeiro buço, com xaile de fadista. As putas sentam-se na mesma mesa que o Malhoa, e espreitam para o esboço que está em cima da mesa (esboço do quadro “os bêbedos”).


Puta2 – Ai que desenha tão bem. Gostava tanto que me fizessem o retrato… (e manda umas pestanadas ao Malhoa)














(FADO CANTADO PELA GORDA)


Deixei de ouvir


Os passos do meu amor


O mundo parou de rir


Não mereço, não mereço tanta dor






Vivo a chorar, vivo a chorar


Partiste e nada disseste


Não sabes o que me fizeste


Não sabes o que é amar


O patrão, chega à mesa acompanhado dum fulano, com ar de rufia, bigode fininho, com ar pimpão, calças de sarja, com suspensórios camisa flanela aos quadrados e casaco.


Patrão – Este é o Pintor, mas tenha cautela mestre, é só alcunha, nem pintar paredes sabe. Acautele o que tiver de valor, ele não é de fiar…


Rufia – Atão chefe, (estende a mão para cumprimentar o Malhoa, que retribui educado) não ligue ao Agostinho, sou um homem de bem (com um sorriso cínico)


Malhoa – Ali o amigo Agostinho disse-lhe o que procuro?


Rufia – Uma fadista para pintar, não é? Tem uma mesmo à sua frente!


Malhoa – Não é esta que eu quero. Procuro uma fadista mais nova, e mais bonita, para pintar


Rufia – mais bonita que esta não é difícil, esta até assusta um morto! (e ri feito parvo, acompanhado na risota pelas 2 galdérias)


Malhoa – Pois. O que quero é uma fadista, e um guitarrista, que tenham alma, que se conheçam bem, percebe? Que um não possa ser visto sem o outro…


Rufia – Estou a ver chefe (e coça o queixo), acho que sei o que procura, mas olhe que vai ter de pagar, e sabe que há maganos perigosos, que só pensam em dinheiro…


Malhoa - Arranje-me lá o que procuro e deixe o resto por minha conta.






I) (CENA EXTRA)


1904


Cenário: Casa de Adelaide e Amâncio, pobre mas limpa, na cozinha, com mesa e cadeiras toscas, há pão e uma faca em cima da mesa, um louceiro pequeno e velho com um vidro partido, tem lareira e vêem-se as panelas de ferro (3 pés) ao lume, com um balcão, com cortinados de chita, com florinhas. Há um alguidar de alumínio para lavar a loiça.


A Adelaide, está de avental e um pano a sair do bolso do avental.


Há uma criança de cerca de 8 anos, descalço, roupa toda puída, calças um bocadinho curtas, mas a criança está limpinha e penteadinha.


Zé – Mãe, o pai?


Adelaide – Não sei filho.


Entra o Amâncio, e cumprimenta o filho com uma despenteadela.


O filho abraça-o feliz,


Zé – Pai!!!


Amâncio – Zé, vai brincar p’rá rua vai… (e o miúdo vai)


Amâncio – Oh Laide, que conversa é essa de andares com conversinhas com o trinca espinhas do Tónho da quitanda?


Adelaide – Eu? Estás maluco, homem.


Amâncio – Ai eu é que estou maluco? Tu é que me faltas ao respeito e ainda por cima sou o maluco?


Adelaide (danada) - Olha sabes que mais? Faço o que tenho que fazer, porque o Zé tem que comer e viver, e se estivéssemos à tua espera, coitado do nosso filho, já tinha morrido de fome!


Amâncio – Confessas sua galdéria? Pegas-te assim com qualquer um?


Adelaide – Com qualquer um que ponha comida na boca do meu filho!


Amâncio perde a cabeça, pega na faca que está em cima da mesa ao pé do pão e zás… a Adelaide ainda se lança para trás, mas é apanhada na face, do lado esquerdo. Cai no chão, agarrada à cara, muito sangue


Adelaide - Acudam que ele mata-me, acudam!


Amâncio (aflito) – meu Deus, que fiz? Perdoa-me Laidinha, perdoa-me! (e ajoelha-se)






J)


1907


Local: tasca tipica


Malhoa finalmente conhece o par ideal, e aquele que buscava há anos – Adelaide e Amâncio


“pintor” rufia – Então vamos lá ver se é desta, Mestre. Acho que já não há fadista e guitarrista nesta cidade que não lhe tenha apresentado.


Malhoa em pensamento, depois de ver o casal: - Finalmente!


Amâncio olha para Malhoa atentamente:


Amâncio – oh patrão, nós não nos conhecemos? A sua cara não m’é estranha.


Malhoa (já o tendo reconhecido) – Nunca o vi amigo, sou apenas um pintor, como muitos que há pela cidade.


Amâncio – Então quer pintar-me a mim e à minha Adelaide? Mas olhe que semos gente séria, nem pense em fazer poucas vergonhas, não tiramos a roupa.


Malhoa – esteja descansado, estarão vestidos, só quero pintar uma fadista e um guitarrista.


Amâncio – Nem pense ca ‘nha Adelaide vai cantar, ficar qu’a boca escancarada é feio numa mulher, se quiser, sou eu que canto, e toco!


Adelaide – E eu posso ficar assim (esticando-se sobre uma mesa), d’olhar caído pró meu Amâncio, ele canta como um rouxinol.


Amâncio – Rouxinol? ‘tás aqui ‘tás a levar c’uma lamparina, não sou nenhum passaroco, nem gosto de grades!


Adelaide (dengosa) – Oh Amâncio, só te estava a gabar, homem de Deus.


Amâncio (para a Adelaide) – cala-te mas é, não preciso dos teus gabanços!


Malhoa – Vá tenham calma.


Malhoa (virando-se para a Adelaide e apontando para o rosto com uma cicatriz) – que lhe aconteceu? Um corte feio…


Amâncio – mau… mas afinal é pintor ou polícia? Meta-se na sua vidinha.


Amâncio – Quanto é que nos vai pagar por isto, afinal? É que eu quero o pilim adiantado, não pense qu’isto é de graça.


Malhoa – claro que não, claro que não. 300 reis, por dia, para ambos.


Amâncio – nem pensar, por isso num fazemos.


Adelaide (a querer aceitar) – Mas oh Amâncio…


Amâncio (brusco) – Calou!


Malhoa – Não posso pagar mais que 180 reis a cada um…


Amâncio (apertando-lhe a mão) - feito!


De repente do outro lado da sala há um burburinho


Os bêbedos à volta riem (mostrar velhos de copo na mão, desdentados e com um ar acabado) e de copos no ar fazem brindes, quer por um quer por outro dos rapazes envolvidos.


Alguns torcem pelo magala:


1 - dá-le, mostra-lhe quem manda!


2 – Esse tem a mania qué fino, por ser caixeiro numa loja fina.


Outro torcem pelo empregado do comércio


3 - Não te fiques, a Joaninha gosta é de ti.


4 - boa rapariga, a Joaninha (e faz sinal com o queixo em direcção a uma criadita, fardada, que se encolhe a um canto e toda vermelha de vergonha)


3 - isso é verdade, se há rapariga séria é a Joaninha.


O dono da tasca (mal barbeado, com um pano ao ombro e avental com manchas de vinho e gordura) dirige-se ao cerne da questão, onde estão dois rapazolas a fazer peito um ao outro, muito próximos.


Agostinho, (cena H) dono da tasca – Mas que é lá isto? Esta é uma casa séria, não são permitidos arruaceiros. Rua, rua.


Caixeiro – Oh Sr. Agostinho, o Sr conhece-me, e conhece a Joaninha, sabe que somos pessoas de bem, vamos casar daqui a dois meses. Este mariola é que lhe estava a faltar ao respeito.


Agostinho (vira-se para o magala, que estava, nitidamente, com os copos) – a faltar ao respeito à Joaninha? Badameco dum raio… (e vai direito a ele)


O Magala raspa-se a correr, perante a gargalhada geral dos bêbedos.


Agostinho – Joaninha, vai lá para casa da senhora, isto não é ambiente para ti, tens muito tempo para ficares com o Joaquim.


E a Joaninha sai, muito embaraçada, acompanhada pelo Joaquim, a uma distância normal, sem contacto físico, como duas pessoas sérias que são.


Há todavia dois homens vestidos de negro, com chapéus de abas largas, a tentarem não ser notados, que se mantiveram sempre sérios, e não participativos na “alegria” que a altercação provocou, inclinados um para o outro, com ar de quem está a segredar.


Adelaide (dando uma cotovelada ao Amâncio) – Oh Amâncio, estão ali dois mariolas que num tiram os olhos de ti homem.


Os dois homens cochichavam, entre si:


- é primo!


Amâncio – ai a minha Santa Quitéria, só me faltavam os primos, inda lhes ponho é as tripas de fora, já chegou a desgraça da outra vez!


Amâncio – Laidinha, Mestre Malhoa, vamos embora que eu não quero problemas com a polícia, e onde há primos, pode haver polícia.


Despedem-se à porta da tasca, já é de noite, o mestre Malhoa, vai no sentido oposto ao do casal, e mete-se por uma viela mal iluminada.


CENA EXTRA JJ)


O mestre Malhoa vai com o material de desenho apertado junto ao peito, como quem guarda um tesouro, vê-se pela corrente que usa um relógio de bolso.


De repente, numa esquina vê-se um punho fechado a sair duma esquina e a acertar no Malhoa, que cai no chão desamparado, a pasta que leva com os desenhos não se abrem ele fica no chão encolhido em posição fetal, enquanto é agredido com uns pontapés, e se ouve uma voz :


- tudo p’ra cá o magano, dinheiro e relógio.


Malhoa – Leve o que tenho, sou só um pintor, mas não me mate.


De repente o agressor pára e baixa-se – é o “pintor” rufia que lhe tinha apresentado o Amâncio e a Adelaide –


“pintor” – (reconhecendo-o) Mestre? oh co diabo, oh mestre, desculpe lá, (rindo meio nervoso), oh que diabo, tinha logo que me sair vocemecê?


(ajuda o Malhoa a levantar-se, e vai-o arranjando, sacode-lhe os ombros do casaco, com as mãos penteia-lhe o cabelo, e com o lenço que usa no casaco (armado em “pintas”) limpa o sangue do rosto do Malhoa)


“pintor” – não foi nada Mestre, já está tudo bem, desculpe, caramba, querem ver que tenho que usar óculos? Já nem reconheço os amigos!


Malhoa – Se as ruas tivessem iluminação eléctrica, como desejava El-Rei, você já não se enganava… ou enganava na mesma, e dizia que era vesgo…


“pintor” – desculpe Mestre, vou levá-lo a casa, não quero que mais nada lhe aconteça.






K)


1907


Arredores de Lisboa


Noite, rua deserta, chuva .


Dois homens caminham juntos, com as samarras apertadas, usam chapéus de abas largas, tentam não dar nas vistas, apesar da rua deserta, e com poucas casas, há bastantes árvores, não estamos no centro da cidade, mas nos arredores.


Homem 1 – estás preparado?


Homem 2 – Nasci preparado.


Entram numa casa sombria onde tudo está apagado, descem para uma cave, onde está tudo iluminado por tochas (pode haver janelas viradas para a floresta) mas é de noite.


Um deles bate compassadamente à porta, é evidente que é um sinal – Tok – tok tok –tok – tok tok tok.


Vê-se a cave por dentro onde estão reunidos muitos homens, todos vestidos com vestes idênticas (ver fotos dos paramentos).


Primo Cobridor – Algum profano bate à nossa porta


Todos os assistentes – Algum profano bate á nossa porta.


Gran Mestre – Vede quem é este temerário que ousa perturbar os nossos pacíficos trabalhos.


Primo Cobridor – É um profano que se encontra perdido na Floresta.


Gran Mestre – Perguntai-lhes o que procura e com que direito pretende estar entre nós.


Primo Cobridor responde pelo candidato – Com a liberdade dos seus princípios e com a moralidade dos seus costumes.


Gran Mestre – Fazei-o entrar


Entra o Candidato de olhos vendados


Gran Mestre – Cidadão, quem te inspirou para vires até nós?


(nesta parte havia liberdade de texto para o Candidato – que continua vendado - dizer os motivos)


Candidato – A liberdade, o não querer viver mais sob o jugo de um rei que só pensa em caçadas, pescarias e viagens, enquanto o povo sofre com fome.


Gran Mestre – Nós exigimos três coisas aos que querem fazer parte da nossa sociedade:


1 – Sinceridade de coração


2 – Absoluta docilidade


3 – Uma coragem a toda a prova e desprezo perante todos os perigos.


Estais determinado? Quereis submeter-vos a esta terrível prova?


Candidato – Sim.


Gr Mestre – Já que estais inteiramente decidido (vira-se para um dos presentes), bom Primo Esperto, fazei-o realizar a primeira e a segunda viagem. (vira-se de novo para o Candidato) Sai, e feita a viagem, volta e bate irregularmente à porta.


O candidato sai, e volta com a roupa em desalinho (estou a inventar, acho que era uma saída simbólica, como se deixasse finalmente o passado para trás) bate de forma irregular, abrem-lhe a porta.


Gr Mestre - Nós exigimos de vós outra prova mais severa, e esta é um juramento, o mais sagrado e inviolável. Ele não ofende nem religião, nem o estado, tampouco ofende os direitos civis, mas deveis subscrevê-lo. Estais disposto a isso?


Candidato – Sim.


Gr Mestre (para todos e fazendo com as mãos o gesto para todos se levantarem) De pé, é a ordem Bons Primos. Mestre de Cerimónias, fazei-o aproximar-se do Trono, acompanhado dos guardas.


Candidato (vendado) ajoelha-se perante o Gr Mestre


Gr mestre – Que desejais profano?


Candidato – a luz.


Gr Mestre – esta vos será concedida ao terceiro golpe do meu machado.


Todos se aproximam do Candidato e põem-se de machados em riste com ar ameaçador.


O Candidato é desvendado pelo Mestre de Cerimónias.


Gr Mestre – Estes machados que vedes em nossas mãos, servirão para vos matar se vos tornardes perjuro. E irão em vosso socorro se deles tiverdes necessidade.


O Candidato é novamente conduzido ao trono e repete o juramento


Mestre de Cerimónias – Repeti comigo: Eu juro e prometo reconhecer e observar os Estatutos Gerais e Regulamentos da Ordem Carbonária e da Alta Venda de Nápoles e também desta Respeitável Venda da qual sou membro.


Finalmente realiza-se o “baptismo” do Iniciado:


O Grão Mestre toca-lhe nos olhos, ouvidos, nariz e lábios com uma toalha de linho levemente humedecida com água dizendo:


Grão Mestre – Não vejais senão por meio dos nossos olhos; Não ouvis senão por meio dos nossos ouvidos; Aspirareis os eflúvios do nosso carvão; Não pronunciareis senão palavras sábias.


Grão Mestre – à glória do Grão Mestre do universo, em nome de São Teobaldo, e sob os auspícios da Grande Loja, e pelos poderes que me foram confiados, eu vos constituo aprendiz carbonário, e membro desta respeitável Venda. (levanta-se e dá-lhe os paramentos). Tomai estes ornamentos, os quais servem para vos dar o direito de estar sentado entre nós. A partir deste momento não mais deveis usar o título “senhor”, entre nós tratamo-nos por “Bom Primo”.


O Grão Mestre dá-lhe o beijo da paz. (espero que um beijo respeitável na testa, nada de coisas amaricadas tipo desentupidor… hihihihihi)


Acaba a cerimónia com todos de machados no ar com um grito de guerra “morte ao Rei!”






L)


1 de Fevereiro de 1908


Cais de embarque, antes de atravessar o Tejo, está toda a comitiva real, com a Rainha e os filhos.


O Tenente-Coronel José Lobo de Vasconcellos tenta dissuadi-lo de ir a Lisboa.


Ten-Cor – Como seu amigo, faça-me a vontade, não vá. Não consegui demovê-lo em Vila Viçosa, mas insisto, não vá Majestade.


D.Carlos – Tu julgas que eu ignoro o perigo em que ando? No estado de excitação em que se acham os ânimos, qualquer dia matam-me , à esquina de uma rua.


Ten-Cor – Por isso mesmo Majestade.


D. Carlos – Mas… que queres tu que eu faça? Que ideia fariam de mim os estrangeiros se vissem o rei impedido de sair? Isso seria o descrédito. Eu cumpro o meu dever, os outros que cumpram o seu.


Ten-cor – Vossa Majestade é que sabe.


D. Carlos - O povo sabe que eu faço tudo por ele. Eu confio no meu povo!


Ten-Cor – o povo talvez, mas o que eu temo não é o povo, são uns energúmenos que se acham donos da razão, e esses sim são perigosos, porque manipulam o povo.


D. Carlos – Eu sei que sou um dos Vencidos da Vida, mas não desisto, não há ninguém que ame mais esta terra e este povo que eu.


Ten-Cor – Se não o posso demover, pelo menos leve esta arma (e estende-lhe um revolver)


D. Carlos – Parece que não me conheces as minhas armas estão sempre carregadas, e estão comigo!


Ten-Cor – que Deus o acompanhe.


Na viagem D. Carlos é visto na popa, com ar distante, a fumar o seu charuto, longe do resto da comitiva.


Chegados ao cais de desembarque, há algum povo, uns dão vivas ao Rei, outros mostram má cara, mas não dizem nada.


- Viva o Rei!


Uma criança descalça pergunta:


Criança – Quem é aquele? (apontando para o Rei)


Mãe – É o Rei D. Carlos.






O Rei desce da embarcação, e é recebido pelo 1º Ministro João Franco, e outros membros do Governo.


1º Ministro – Majestade (vénia)


Rei olha em volta e vê algumas más caras entre o povo.


D. Carlos - Há alguma novidade?


Pº Mº João Franco - Nenhuma senhor.


D. Carlos – Vê bem, porque se houver, eu seguirei para o Paço, e os meus (vinha acompanhado da Rainha e os dois filhos) voltarão para Vila Viçosa.


Pº Mº João Franco – Absolutamente nenhuma meu Senhor. Vossa Majestade terá, esta noite, uma ovação em S. Carlos.


A família real sobe para o landau (coche aberto?)






M)


1910


Cena: Local onde foi pintado o quadro “o fado”, mostrar janela com todos os vidros.


Amâncio – É que nem pense nisso, quem canta sou eu! Canto e toco, e é se quer, se não quer ponha-se ao fresco.


Malhoa – Ficava melhor ser a Srª D. Adelaide a cantar, como acontece normalmente quando actuam.


Amâncio – Já disse o que tinha a dizer, e é como eu digo!


Adelaide – Oh Amâncio que mal tem?


Amâncio – Já viste essa boca? Queres ficar no quadro de boca aberta e sem dentes? Que lindo quadro…


A Adelaide cala-se.


Malhoa – Então fazemos assim: Você senta-se ali com a guitarra, toca e canta, e a Srª D. Adelaide…


Amâncio – Srª D. Adelaide para cá, Srª D. Adelaide para lá, cá para mim você está é a olhar para onde não deve (de mão no bolso e com ar ameaçador)


Malhoa – Oh Sr. Amâncio, nem pense nisso, sou um homem respeitador, tenho mulher e filhos.


Amâncio – vamos lá a ver…


Malhoa - podemos então começar? O Sr. Amâncio senta-se assim (e o Malhoa posiciona-o como quer), e (falando para a Adelaide) a Srª D. Adelaide põe-se assim na mesa, a olhar para o seu marido, por favor deixe descair a alça da camisa para mostrar o ombro…


Amâncio (saltando) – Qué lá isso? Poucas vergonhas não, é que não admito…


Malhoa – Pronto, deixe lá a alça, fica como está.


Adelaide levanta-se já danada


Adelaide – Mas só tu é que podes aparecer homem? Tu cantas, tu tocas, tu mandas, isto não é assim, eu também quero estar no retrato, e vou descer a alça!


Amâncio – O quê? Estás maluca mulher? (furioso)


Adelaide – Nem te atrevas (afasta-se dele) ele (apontando para Malhoa) também me quer pintar a mim!


O Amâncio dirige-se a ela com ar agressivo, ela não vai de modos e descalça a soca (é madeira por baixo) e vummppttt arremessa-a à cabeça do Amâncio, que se desvia, e vai direita à janela, partindo um vidro.


O Amâncio vendo que a Adelaide estava “por tudo” acalma-se


Amâncio – Oh Laidinha, eu só quero que tu fiques bonita como és, que não se veja a cicatriz, e não quero que pensem que és uma qualquer que mostra os ombros com ar desleixado…


A Adelaide fica toda embevecida, com os cuidados do seu amado


Adelaide – Oh homem de Deus, e porque é que não disseste logo? Se é por isso, então não mostro ombro nenhum, ouviu mestre?


Amâncio – E nada de aparecer a cicatriz da minha Laidinha no quadro!


E vê-se eles posicionados como no quadro do Malhoa, e uma tela já com os traços todos a carvão.






N)


1910 - Proclamação da República


3 Outubro 1910


Os chefes republicanos reuniram-se de urgência nessa noite. Alguns oficiais (ver fardas da altura) foram contra o golpe nessa altura, dada a prevenção dos militares.


Oficial – Não pode ser, temos que adiar o golpe, no quartel está tudo de prevenção, “eles” estão à nossa espera, morreremos todos.


Almirante Cândido dos Reis – adiar? Nunca! A Revolução não será adiada. Sigam-me se quiserem. Havendo um só que cumpra o seu dever, esse único serei eu!


Havia outro radicais que tinham a mesma posição que o Almirante


Teófilo Braga – Não podemos adiar mais. Temos que nos libertar dos grilhões.


José Relvas – A revolução está na rua, já não há como parar isto!


João Chagas – o povo está connosco! (virado para os que estavam mais contidos)


5 de Outubro de 1910


Varanda da Camara Municipal de Lisboa


José Relvas faz um discurso inflamado (não consegui achar o discurso), a Pç do Munícipio está a abarrotar de gente, que dá vivas à República, a maioria estão felizes, mas há um ou outro medroso


- Viva a República


- Liberdade para o povo


- Morte ao Rei


- Vamos embora para casa, ouvi dizer que vem aí as tropas do Rei


No meio da multidão, com cara de poucos amigos vê-se o Amâncio, que diz em surdina, como se falasse para si mesmo – Se morressem todos é que era, não fazem cá falta nenhuma, não lhes dar uma caganeira a todos. E vai-se embora, virando as costas à alegria dos restantes.


Adolescente - Pai, o que é a República?


Pai – heee hummm pois… é não ter Rei.


Adolescente – E isso é bom ou mau?


Pai – Não sei.






O)


1914


Numa casa, visivelmente rica, vê-se tudo desarrumado, jarrões partidos no chão, noutra cena vê-se uma velhota estendida no chão, com sangue na cabeça, morta.


Amâncio, de noite, caminha colado à parede, olhando por cima do ombro, enquanto vai pensando.


Amâncio (em pensamento) – Desta vez o assalto rendeu, matei a velha, mas valeu a pena, dinheiro, cordões e arrecadas, vamos ficar bem, é desta que compramos a casita, e o meu Zé há-de estudar, ser doutor.


Foi um assalto bem catita, sim senhor, foi limpinho, nunca pensei que a velhusca tivesse em casa 2 contos de reis. Estou rico!


Não repara que está a ser seguido, apesar das muitas cautelas, vê-se um vulto negro a tornear um prédio.


Quando o Amâncio vai dar a curva para tornear o prédio, é-lhe espetava uma faca (frente a frente), que o atravessa, ele dobra-se, cai, olha,


Amâncio – Tónho?


A figura baixa-se, tira-lhe tudo dos bolsos, mete num saco preto, abandona a faca ensanquentada no chão, e vai-se embora a correr.


Amâncio morre.






P)


1916


Cais ferroviário de Santa Apolónia.


Há muita gente no cais, muitos soldados, muitas velhas, muitos cestos e farnéis, muitas lágrimas e recomendações.


- Tem cuidado filho


- Vai com Deus


- Oh filho, se te vires em perigo tu foge


(vais rodando como se fosses uma câmara a filmar o todo) de repente páras, numa mãe, toda vestida de preto, mas a roupa não é pelintra, está bem vestida, e num rapaz de cerca de 20 anos.


Cena aproximada, é a Adelaide, e o filho dela, o Zé.


Zé – A mãe cuide-se, e cuide do Tónho, é bom homem e foi o nosso amparo desde a morte do pai.


Adelaide – Eu sei filho, ele sempre gostou de mim e de ti, não gostava do pai, mas de nós sempre gostou.


Zé – E diga à Mariazinha que eu volto, caso com ela quando voltar mãe.


A Adelaide vai à malinha que tem pendurada no braço, e retira de lá a navalha que pertenceu ao Amâncio.


Adelaide – Toma, era do pai, leva-a, tu faz o que for preciso, mas volta!


1916 – Ano bissexto.

Estou a equacionar levar este assunto até às últimas instâncias, ao "autor" de tal livro, e à editora, que conhecendo o texto original (o meu), mesmo assim publicou a cópia foleira.

Nota: Não, não digo o nome do livro, nem o nome do "autor", pois até a má publicidade, é publicidade.















Plágio encapotado. Ler post de 10.Abril.2011.