5º dia: Chegamos ao Pico por volta das 10h00, pegámos no carro (pegou o Kanito) e fomos pousar as malas na nossa Casa Mistério, e ficámos todos a babar com a beleza da dita, pousámos as malas, e ala conhecer o Pico.
Fomos à Madalena, e de tudo o que vi, este foi o lugar menos bonito, tudo muito, como direi… continental. As almas jovens também usam calças no fundo do cu, e bonés ao contrário, armados em “brós” e “dâmas”, e ao contrário da generalidade não têm um ar simpático, aliás ainda olhei bem, a ver se não reconhecia nenhum dos meus arguidos habituais.
Fugimos da Madalena rapidamente, e rumámos às Lages (do Pico), linda, pacífica, com gente simpática por todo o lado (coisa comum nos Açores – a simpatia), comprámos o bilhete para irmos ver as baleias, e golfinhos no dia seguinte (estava tudo esgotado para este dia), almoçámos numa tasquinha com excelente comida (Troca a Nota, anotem, podem precisar), e com uma dona do mais simpático que há, além de nos fazer sempre desconto na conta, dava-nos sempre um mimo no final (rebuçados/chicletes). Aliás, logo neste dia, e por culpa dela (foi ela que ofereceu os rebuçados, logo, a culpa é dela), eu e o Kanito lutámos pela posse de um dos rebuçados, e um copo, para se escapar à contenda, pulou da mesa, e escaqueirou-se no chão. Foi suicídio copal, tenho a certeza. ]:-D
De seguida fomos a uma localidade de que nunca tinha ouvido falar: Cachorro (googlem). Oh é assim uma coisa fabulosa, tudo negro, casas, ruas, praias, mas tudo limpinho, e arrumadinho. Aproveitam a pedra de lava, que não lhes falta, e constroem. Visitem, vão surpreender-se. Procurem uma casa de artesanato onde podem provar diversos vinhos licorosos, e podem comprá-los, se quiserem, não é obrigatório (não são exploradores, podem trazer daqui lembranças para toda a família, e tudo muito em conta), não é difícil de encontrar, não há mais nenhuma. ]:-D
6º dia: Foi o dia mais radical.
Por volta das 10h30 saímos para ver baleias, fomos num bote igual aos botes militares, daqueles que voam por cima das ondas, e quando pousam... uiiii, o que vale é que os assentos (como se fosse a sela de um cavalo) eram confortáveis, senão teria ficado hummm achatada. Vimos um filhote de cachalote dar duas piruetas, vários bufos (aquele sopro que as baleias dão, expelindo água), diversos “moleiros” (golfinhos brancos) parecem fantasmas na água, e um bando (cardume?) de “riscados” (outra espécie de golfinhos) , não entrei em pânico com tanta água à minha volta, portei-me lindamente. Não tive nenhum receio, senti-me perfeitamente segura na mão daqueles biólogos/condutores de barcos. Aquilo é felicidade no trabalho, acho que dificilmente se encontram almas tão felizes enquanto trabalham. Explicam tudo, e ficam tão felizes como os “clientes” quando fazem um avistamento.
Na volta ainda recolhemos uma garrafa, e todos saltámos, a pensar que era uma “mensagem-numa-garrafa”, mas não, já devia andar no mar há muito tempo, tendo em conta os bichos que já tinha pegados ao vidro, mas lá dentro nada de mensagem, só tinha um caranguejo pequenito. Recolhemos a garrafa, o caranguejo foi devolvido à água. Recolhemos ainda dois baldes, e uma esponja. Aquela gente cuida do mar, preocupam-se.
Fomos almoçar de novo ao Troca a Nota, e ala para a Casa da Montanha (lugar onde, quem quer subir a montanha do Pico, tem que se registar, e o responsável do grupo recebe um aparelho para ser localizado por GPS).
Na subida muitas vacas tentáram impedir a nossa passagem, e eu devia ter aceite o aviso. Vacas espertas. Mas não, continuamos, ai aiiiiii
Às 15h30 iniciámos a subida, e, se eu soubesse o que sei agora, não teria passado do marco nº 2 (no total são 45), mas não, não querendo ser empata-subidas, porque se eu não fosse o diabbo-marido também não iria, e subir aquela coisa é o sonho de qualquer macho, grunfff só falta irem mijando nas pedras, como forma de marcação territorial, grrrrrrrrrrrr.
Com o coração a bombar, querendo saltar-me do peito (eu que sempre afirmei que não tinha coração, descobri-o na subida), lá fui subindo de marco em marco, parando o menos possível, pois descobri que a cada paragem, o recomeço era mais torturante. Acabei por passar para a frente (por não querer fazer grandes paragens), com o diabbo-marido a seguir-me, e… perdemos o resto do grupo de vista, fuck (disse tantos palavrões, mentalmente, nem fazem ideia, nem eu sabia que sabia tantos), entrei em stress, por isso decidi discretamente, não perder de vista a guia que ía à nossa frente, com um casal de jovens dinamarqueses. A guia (obrigado Celeste) foi uma querida, ao ver o meu estado, tão cansada que eu estava, com uma tenda nada ergonómica nas costas, disse-nos que os podíamos acompanhar, que ia por um caminho mais fácil, e pronto, lá fomos, chegamos meia hora antes do resto da malta. Fuck… 500 vezes.
Lá chegádos, armamos a tenda (ok, não é confortável no transporte, mas é um milagre na montagem, atirei-a ao chão, e ela armou-se sozinha), comemos as sandochas que levámos, bebemos um bocadito (tivemos que racionar a água, recomendo que, quem fizer aquela subida, não poupe na água, é preferível não levar comida), e fomos ver o por-do-sol mais espectacular que já vi ao longo dos meus 746 anos, o sol escondeu-se por baixo das nuvens e ficou tudo num laranja indescritível.
Começou a ficar um frio de rachar (fomos bem agasalhados, valha-nos isso), e fomos para a tenda. Nunca dormi (dormir??) tão mal, o chão em cascalho miúdo, o vento, e os barulhos fantasmagóricos são aterradores, parece que há sempre gente a andar à volta da tenda. Houve gente que chegou de noite (parece que há uns destemidos que sobem aquilo de noite, para verem o nascer do sol, são loucos), mas os barulho de pegadas, descobri que é o vento, que é tão violento, que, como as pedrinhas não são muito pesadas (lava porosa, já tão partida que é igual a cascalho) as levanta, e é esse arrastar de pedrinhas que parecem pegadas. Medonho.
7º dia: Levantei-me às 5h45, para ver o nascer-do-sol, tinham-nos dito que era fabuloso e coisa e tal… Estáva um frio de rachar (coisa para temperatura negativa) e… bofff oh nascer-do-sol, mais reles, deprimente mesmo. Desisti a meio, virei as costas ao sol e fui aquecer-me de novo para a tenda, ficou lá o diabbo-marido e a Marta, cheios de coragem. Também vieram desiludidos.
Arrumámos tudo e preparámo-nos para descer. Pensei “subimos em 3h30, descer vai ser mais rápido, e mais fácil”. Bom, mais rápido foi (3h00) agora mais fácil… cum catano, foi das coisas mais difíceis que já fiz (ok, ok, ter filhos é pior).
Cheguei a um ponto em que o cérebro, e pernas se desentenderam, o cérebro ordenava movimento, e as pernas “nicles”, muito mau, descer é muito mau.
Subir a montanha mais alta de Portugal é um sonho?? Não. É um pesadelo.
Mas descê-la é mais que um pesadelo tornado realidade, é um filme de terror, onde se é a presa do cansaço, físico, e emocional.
O espectáculo do por-do-sol valeu o esforço? Não.
Repetiria a façanha? NÃO!
Estou arrependida de o ter feito? Não, claro que não. ]:-D
O diabbo-marido, dormiu (depois de chegarmos a casa, e termos tratado de mais umas compras) cerca de 13h00 seguidas, eu dormi 9h00 (não sou de dormir muito mais que 8h00)
1 comentário:
Bom, depois de ler esta trilogia sobre as vossas férias açorianas, cheguei à conclusão que se divertiram à brava! E sendo assim, vale sempre a pena!
1ª nota: essa de gaivotas que embirram com pessoas, já não é a primeira vez que oiço - um amigo meu, a nadar calmamente fora de pé, certa vez foi atacado por uma que não parava de tentar bicar-lhe a careca e viu-se aflito para se safar!
2º nota: 3h30m de subida ao Pico e 3h de descida? Xi, mulher, gabo-te a coragem! :)))
3º nota: mas é sempre bom saber que temos coração! :D
Beijocas enxofraditas!
Enviar um comentário