Acabei de ler um dos livros mais divertidos que li nos últimos anos (o
outro que li, e que me fez rir às gargalhadas, tal como este, foi o “Happy Sex”,
de Zep, em Banda Desenhada, conforme podem ler aqui: http://bongop-leituras-bd.blogspot.pt/2010/09/happy-sex.html).
A Maria Porto, autora do livro “A tua amiga”, escreve de uma forma
escorreita, divertida, fluida, e sem pretensões de querer ser o que não é.
Aliás transparece que ela é exactamente como escreve, e se descreve.
E agora estão aí a pensar “fucka-se, mas o livro já saiu em 2006 e só agora
é que chegou às mãos da Diabba?”, é verdade, há coisas assim, que acontecem no
momento certo para acontecerem. Este livro só poderia ser lido por mim em 2013,
numa altura em que estou de bem com a vida, comigo, e com quem me rodeia.
Bom deixando-me de conversa mole (e o livro trata de tudo menos de coisas “moles”),
vamos ao livro:
É um livro com pequenas crónicas do dia-a-dia de uma Acompanhante de Luxo
(as maiúsculas foram propositadas, pois há Acompanhantes, e acompanhantes), que
se diverte e gosta do que faz.
Não está com pudores, nem conta histórias da carochinha, para explicar como
chegou ali, precisava de dinheiro, gosta de sexo, e optou por utilizar o seu
corpo como instrumento de trabalho. Nada contra.
As histórias são hilariantes, e ela conta-as com um despudor, e uma alegria
contagiante. Protege todos os seus clientes com uns cognomes fantásticos, pois
podem ser centenas de pessoas a encaixar-se no que ela descreve.
A história do “Autarca” é hilariante, imaginar um qualquer político a fazer
de cão, e a andar atrás de um osso, a obedecer ao “busca”, “rola”, “senta”, e para terminar com um “fica” quando o serviço
acaba, levou-me às lágrimas de tanto rir.
A história do “Anão”, ou do adepto de um certo clube de futebol, são de
rebolar a rir.
Parece que a Maria Porto já não é Acompanhante, e também parece que deixou
de escrever, tenho pena, principalmente que ela tenha deixado de escrever pois
a alegria dela, e o sentido de humor ficam bem nem que seja para falar de
torradas (feitas por alguém que não ela, entrar na cozinha parece que vai
contra a religião da Maria).
A merda da trilogia das “50 sombras de Grey” fica a anos luz deste livro
fantástico, porque este livro é real, as experiências são reais, as loucuras
são reais, os fetishes são reais, e não havendo nenhum que eu nunca tivesse
ouvido falar (ok, confesso, há pouca coisa que me surpreenda), a forma como ela
vai resolvendo as coisas quando lhe pedem algo que nunca tinha feito (há que
ter em conta que a Maria tinha pouco mais de 18 anos), é fantástica. E o humor
com que encara as coisas? “foda-se, nunca mais usei aqueles aneis”. Lindo.
Li o livro porque o meu escravo-amigo Hugo Silva (vejam o blog dele aqui: http://aindasoudotempo.blogspot.pt/ ) fez o favor de mo
emprestar, e logo à segunda história decidi que tinha de ter este livro para
mim, mas…
“E agora? Fucka-se, isto saiu em 2006, não há o livro em lado nenhum…
editam tanta merda, podiam reeditar este”
Encontrei o livro num site de livros usados, deve chegar na próxima semana.
Maria Porto, vou querer o meu exemplar autografado! Eu dou-te um livro dos
meus à troca se quiseres.
Procurem este livro em alfarrabistas. Leiam-no.
Se tivesse de o classificar de 0 a 10, dava-lhe o 10.