sábado, maio 17, 2008

Politicamente incorrecto?


Michael Richards, o Kramer da série Seinfeld, foi acusado de racista, porque num dos seus espectáculos, depois de provocado e insultado, por dois espectadores, passou-se da cabeça e deu-lhes umas respostas tortas, que foram entendidas como racistas.

Assim, e porque tal é possível (nos tribunais tugas também é possível o arguido falar em sua defesa, no final do julgamento, mas nunca vi uma resposta como esta... e parece-me que nunca verei), o Michael Richards quando lhe foi dada a palavra, disse:


Quantas pessoas estão actualmente a prestar atenção a isto?
Existem Afro-Americanos, Americanos Hispânicos, Americanos Asiáticos,
Americanos Árabes, etc.
E depois há os apenas Americanos.
Vocês passam por mim na rua e mostram arrogância.
Chamam-me 'White boy,' 'Cracker,' 'Honkey,' 'Whitey,' 'Caveman' ...e está tudo bem.
Mas quando eu vos chamo Nigger, Kike, Towel head, Sand-nigger, Camel Jockey, Beaner, Gook, or Chink .

Vocês chamam-me racista.

Quando vocês dizem que os Brancos cometem muita violência contra vocês, então porque razão os ghettos são os sítios mais perigosos para se viver?
Vocês têm o United Negro College Fund.
Vocês têm o Martin Luther King Day.
Vocês têm Black History Month.
Vocês têm o Cesar Chavez Day.
Vocês têm o Yom Hashoah.
Vocês têm o Ma'uled Al-Nabi.
Vocês têm o NAACP.
Vocês têm o BET [Black Entertainment Television] (tradução: Televisão de Entretenimento para pretos)
Se nós tivéssemos o WET [White Entertainment Television] seriamos racistas.
Se nós tivéssemos o Dia do Orgulho Branco, vocês chamariam-nos racistas.
Se tivéssemos o mês da História Branca, éramos logo racistas.
Se tivéssemos alguma organização para ajudar apenas Brancos a andarem com a sua vida para frente, éramos logo racistas.
Existem actualmente a Hispanic Chamber of Commerce, a Black Chamber of Commerce e nós apenas temos a Chamber of Commerce.
Quem paga por isto?
Uma mulher Branca não pode ser a Miss Black American, mas qualquer mulher de outra cor pode ser a Miss America.
Se nós tivéssemos bolsas direccionadas apenas para estudantes Brancos, éramos logo chamados de racistas.
Existem por todos os EUA cerca de 60 colégios para Negros. Se nós tivéssemos colégios para Brancos seria considerado um colégio racista.
Os pretos têm marchas pela sua raça e pelos seus direitos civis, como a Million Man March. Se nós fizéssemos uma marcha pela nossa Raça e pelos nossos direitos seriamos logo apelidados de racistas.
Vocês têm orgulho em ser pretos, castanhos, amarelos ou laranja, e não têm medo de o demonstrar publicamente. Mas se nós dissermos que temos "Orgulho Branco", vocês chamam-nos racistas.
Vocês roubam-nos, fazem-nos carjack, disparam sobre nós. Mas, quando um oficial da policia Branco dispara contra um preto de um gang ou pára um traficante de droga preto que era um fora-da-lei e um perigo para a sociedade, vocês chamam-no racista.

Eu tenho orgulho.
Mas vocês chamam-me racista.

Porque razão só os Brancos podem ser chamados de racistas?
É uma boa pergunta...
Obrigado J, pelo mail donde saquei este texto.

22 comentários:

Vegana da Serra disse...

Nesse espectáculo o Kramer não estava a brincar. Passou-se e mostrou um lado muito negro.

É óbvio que existem pretos racistas. Mas não me venham desculpar este humorista. Aquilo foi agressividade pura e dura.

Alien David Sousa disse...

Querida venenosa, estas palavras são de alguém que para além de não ter medo de falar, fala bem. O "discurso" dele é de uma inteligência à prova de bala e sim, tem toda a razão.Faz todo o sentido. Tudo o que ele mencionou faz sentido e só nos apercebemos de que a história do racismo é muitas vezes usadas contra os brancos quando lemos algo como o que acabei de ler.

Excelente "post" diabinha cor de labareda

Adorava este senhor no Seinfeld, agora fiquei com uma profunda admiração pelo homem que se encontra por detrás do actor.

Beijinhos diabinha venenosa

Eduardo Monteiro disse...

Todos os que prestam mais ou menos ateção a TV sabem que esse KKKRAMER é racista e ponto final!


Tambem ha negros racistas,agora esse vem pra qui desculpar-se que ha dias,meses,colegios só pra negros e não pra brancos é uma desculpa muito ESFARRAPADA,

só ha dessas coisas porque eles são minorias e a história recente lhes ensinou uma lição,seria um tanto estupido haver o dia do Americano branco sabendo que eles são mais 65% da população desse país os outros 35% dividem-se entre negros,hispanicos,arabes etc.

Ha merdas dessas porque os negros americanos sabem o que passaram nas mãos dos americanos brancos ao longo da história desse ``país´´.

Se há diferença entre os afro-americanos para com os ``Apenas americanos´´ é porque os brancos desse país,FIZERAM MUITA MERDA para com os PRETOS e não só,já pra não falar dos nativos americanos,desde haver bares,escolas e outras coisas só pra brancos,fora outras coisas que o mundo branco não gosta de assumir....

Refletindo: Porqué que num programa de televisão sobre ``dates´´ e namoros etc. tem que haver secções? tipo brancos com brancas,pretos com pretas,chineses com chinesas por ai fora,será que um branco não pode gostar de uma negra ou vice versa?

Agora dizem-me,será que isso não fomenta o racismo e as desigualdades?

eu sou negro (como voçês dizem PRETO) e a minha namorada é branca,na minha zona tambem ha negras mas eu gostei dessa branca,e com ela estou e pronto!

Tambem ha brancos Gangsters, assassinos, gatunos,carjackers etc,mas como esses são ``pessoas normais´´ da sociedade pouca coisa se fala,mas quando é um preto, um Latino ou um cigano (no nosso caso) caso ja muda de figura....

um exemplo: na minha zona tambem ha negros,mas como não ha tanta segregação como ha nas grandes cidades,não ha a má imagem dos PRETOS BANDIDOS,ASSASSINOS ETC porque esses mesmos pretos não sentem revolta de forma nenhuma.

eu vos confesso que tenho medo de ir a lisboa,não é pela criminalidade mas sim pelas pessoas que olham pra mim como se eu fosse um assassino ou ladrão,esse tipo de tratamento ajuda a fomentar o ódio racial..eu não estou habituado a esse tipo de tratamento...nunca estarei.

Essas linhas não bastam pra falar sobre o Racismo,eu estaria aqui uma noite inteira,mas tento passar ao lado desses assuntos...


PS:desculpem-me a linguagem menos propria usada mas há coisas que devem ser ditas de forma dura,nua e crua...

Fernando Vasconcelos disse...

Neste discurso há algumas coisas em que o sr. tem razão mas também há alguns erros de lógica que invalidam todo a argumentação. Em particular a generalização abusiva "vocês atiram" ... como se isso fosse dependente da cor da pele ... Só essa generalização já dá para meter nojo.
Acho que devemos reconhecer que existe racismo dos dois lados mas sabem uma coisa. Há uma pergunta que dá resposta a muitas das perguntas que este sr. coloca.
Essa pergunta é: Quem tem o poder?
Quem domina os EUA ?

Diabba disse...

Minerva,
Quem nunca se passou, por ver o seu trabalho posto em causa, atire a 1ª pedra.

Alien,
Também gosto do Kramer, gostei do discurso, pela profissão que tenho, mas não sou fundamentalista.

Eduardo,
Ena, fizeste um comentário que é quase um post.
Sabes bem a profissão que tenho, já falamos sobre isso.
Todavia se eu não concordo que haja escolas/cafés/restaurantes/hotéis etc etc., só para brancos, também acho estranho que as haja só para negros.
Repara que, os negros impedirem que os brancos se possam matricular em escolas só para negros (como acontece nos EUA) é também, racismo, não concordas?
É certo que os portugueses já tiveram escravos, aliás, os maiores negreiros eram, no início, portugueses. Significa então que, para se vingarem, os negros de hoje podem chicotear os brancos de hoje?
Parece-me é que vai sendo tempo de esquecer a cor da pele, parar de catalogar pela pigmentação.
Eu catalogo pessoas, confesso!
Para mim há as boas, e as más pessoas. Gosto das primeiras e evito contacto com as segundas.
Tu és preto? Nem desconfiava de tal coisa. Para mim estás catalogado como “boa pessoa” que tem um grande futuro pela frente. Só isso.

Fernando,
Não tinha reparado no “vocês” confesso, Estaria a falar para um Juiz negro? E a generalização, quando se faz um discurso, é quase inevitável. Parece que a cor do poder vai mudar, e com isso mudarão as mentalidades?

Teresa disse...

Não posso aprovar as palavras de Michael Richards, desculpa. É que perpassa nelas, sem que haja volta a dar-lhe, um racismo enraizado. E eu ABOMINO racismo.

É certo que há racismo em todas as raças, mas pergunto-me se não terá surgido, e agora falo da América, como uma espécie de mecanismo de defesa à forma como foram tratados pelos caucasianos, pelos WASP (white anglo-saxon protestant - só esta sigla é reveladora, os católicos também eram olhados de lado. Nos EUA (país que, como sabes, adoro, e a que volto sempre que posso, até tenho duas viagens marcadas para lá que estão já ao virar da esquina, mas isso não faz de mim cega) há um historial de racismo. É um país feito de imigração - e por falar nisso, recomendo a toda a gente uma visita ao Museu da Imigração, em Ellis Island, Nova Iorque, comoveu-me imensamente -, mas tem designações pejorativas para todas as nacionalidades, ninguém se safa: italianos, polacos, chineses, hispânicos...

Se não viste, vai a correr comprar ou alugar o extraordinário Crash, que levou muito merecidamente o Oscar de melhor filme há dois anos. É um belíssimo ensaio sobre o racismo, e em todas as direcções.

Beijo!!!

Gata Verde disse...

É uma resposta excelente!

beijinhos

Eduardo Monteiro disse...

Ola Aida

tu sabes que eu não vou de maneira nenhuma com o racismo,quer de brancos pra pretos ou vice versa,mas admito que ja o usei pra me ``defender´´.

Há vezes que ao excluírmo-nos (ou excluirmos os outros,depende do ponto de vista) faz com que não ocorram casos maiores de segregação,racismo ou xenofobia...e acho que eles (afro-americanos ) fazem isso apenas pra se ``defender´´.

Não é a decisão mais acertada,mas é a mais pratica,visto que tantos anos de vida conjunta entre pretos e brancos só deu m**** e vai continuar a dar.É inevitavel,infelizmente....:(

Faço quote as palavras da Teresa (não a conheço mas acho que ela não se importa ;))

beijos à caneta preta!


PS:caneta preta sem nenhum tipo de racismo hehehe

Rafeiro Perfumado disse...

Por vezes a vontade de proteger "minorias" pode levar a exageros, dando lugar à discriminação positiva. Neste caso, diz algumas coisas bem pensadas, mas cheira-me que grande parte foi conversa de advogado para o safar de males maiores... ;)

Maria do Consultório disse...

Olha, nem de propósito, ontem passei por uma situação que me fez recordar este post. Já vou contar lá no coiso. Deixa-me só pôr a sopa a aquecer.
Beijo

Vício disse...

como assumo no meu blog, sou crente da estupidez humana e qualquer tipo de exagero desse tipo, ou similar, é fruto disso mesmo!

a resposta desse Michael é o resultado, talvez, de saturação, a mesma que afecta muitos de nós em Portugal, mas esses guettos que ele fala são uma fonte inesgotavel de razões para catalogar certas minorias raciais que devido às suas condições socio-culturais continuam a mostrar-se marginais.
é claro que alguém da mesma raça, que nada tenha a ver com essas condições, vai sofrer com tudo isto mas porque pertence a uma minoria!

um pouco exagerada, mas concordo com a opinião dele!
essas minorias se fossem mais contidas não eram tão "apontadas" e aí poderiam falar de racismo se ele acontecesse!

a estupidez humana está em todas as raças e isso ninguém pode negar!

Belzebu disse...

Nós é que temos sorte com a nossa cor avermelhada e eles, tanto os caras-pálidas como os escurinhos, mais tarde ou mais cedo dão com os costados aqui nas profundezas e nós avaliamos o seu desempenho!

Aquele abraço infernal!

Teté disse...

Ele pode ser muito eloquente e até engraçado, mas o seu raciocínio falha, por tentar "apagar" todo um historial de racismo nos EUA. Que ainda existe...

Porque é que surgiram escolas e organismos exclusivos para negros, latinos, asiáticos, etc. e tal? E ghettos? Será que durante muitos anos esses americanos não foram classificados de 2ª categoria (nem estou a referir os não americanos)?

Racistas há e haverá em todas as raças, mas generalizar a todos os elementos desta ou daquela minoria (ou não), tende a discurso fundamentalista...

Enfim, o tema "dá pano para mangas"!

Jinhos aí para a tua "caverna"!

AEnima disse...

Dos piores tipos de racismo a que presenciei foi entre negros. Por exemplo, uma senhora negra que conheci dizia que ela e todos os primos iam para a casa da avó quando acabava a escola, eram 8. Todos tinham direito a lanche na sala, mas ela não podia entrar, porque era mais preta do que as outras. As tonalidades da pele contam todas.

O racismo nos US ainda existe e muito. No entanto, já não é pelo tom de pele que se faz a distinção... é pelo dinheiro. O preto americano é pobre. O preto americano não tem meios para comprar num supermercado de brancos, muito menos para estudar numa universidade de brancos. Daí a necessidade de haver universidades para pretos, com propinas muito reduzidas (que também aceitam alguns brancos dos trailer parks já agora), para que a população negra consiga melhores níveis de educação e com isso acesso a cargos melhor remunerados.

Eu vivia num estado em que 54% da população era negra. Invariavelmente tinha 2 alunos negros nas minhas turmas de 50. Invariavelmente eles faltavam a mais aulas que os outros. Há muitos estudantes que trabalham para se sustentar. Eles, invariavelmente, tinham mais que um emprego. Eles, invariavelmente, tinham as piores notas e as maiores dificuldades.

Há muito que poderia dizer acerca deste assunto. A verdade é que o branco americano é sem dúvida um privilegiado. E muitas vezes, com muitos sorrisos e aberturas de espírito que só a um branco lhes é dado.

Também há o reverso da moeda. Os negros e os estrangeiros todos que acham que tudo o que lhes acontece é porque são discriminados. Ve-se muito disso nas grandes cidades. Às vezes sem qualquer tipo de discriminação armam uma grande confusão. Mas a verdade é que inconscientemente discriminamos mesmo um preto, não por ser preto, mas porque tem aspecto de pertencer a um gang, ainda vamos ser assaltados, blablablablabal... às vezes é só aspecto, a maioria das vezes, não.

Tenho que terminar este comentário. Já não tem fio condutor nem sentido. Beijinhos

M disse...

A verdade é que gostei da resposta dele. Se bem me recordo do que ouvi dizer, na altura, ele foi mesmo mau no comentário, mas isso até nós o somos, não necessariamente em relação ao tom de pele, mas à nacionalidade ou religião.

peace_love disse...

TAU! Bem dito!

Vitor disse...

tá tudo dito.... vou deixar este comentário em branco....
uuuuppppsssss

em branco não senão chmam-me racista..... em preto....


boa semana

Eduardo Monteiro disse...

``em branco não senão chmam-me racista..... em preto....´´

sinceramente...

D-Man disse...

Não podemos generalizar todo este assunto,com o risco de ser considerado um erro banal.Penso que o comentário deste senhor(Kramer)pode ser considerado como um desabafo.Na realidade,as pessoas são discriminadas pelos dentes tortos,pelas borbulhas na cara,por não se apresentarem com roupas lavadas,por tudo e por nada no fundo,porquê já agora,a côr da pele haveria de ficar de fora?

Eduardo Monteiro disse...

Pk é um assunto diferente,porque mexe com sensibilidades,

agora diz-m tu,eu não gosto de massa,aliás odeio massa spargetti),será que é igual a eu não gostar de brancos?

tem dó..sim senhora que ha todo o tipo de preconceito,desde a roupa que se veste até ao clube que apoias,mas da cor da pele?...rsrsrsrsrsrsrsrs tem paciêcia...pode haver, mas deve ser mantido em tolerância zero...

queria ver se essas pessoas que falam do racismo assim dessa maneira (despreocupadas),se agiriam da mesma maneira se fossem Pretos,ciganos ou chineses...eu pagava pra ver...hehehe


beijos Diabba FUI

CESAR disse...

Olá a todos.

O racismo é sem sombra de dúvidas um flagelo gravíssimo nas sociedades humanas de todos os tempos.
Gregos, Romanos, Condados Europeus medievais, cidades do séc. XVIII... e muitos mais tiveram problemas com o racismo.
Assistimos a um genocídio no séc. XX em nome de um pretensa superioridade ariana que tentou extirpar do Mundo as raças inferiores. No Ruanda já no início deste novo séc. também assistimos a um genocídio.

Mas a única questão que eu faço é:
"Haverão "raças humanas" que sejam melhores do que outras?"
Para esta questão eu respondo de forma peremptória:
Não.
Mas este não, não responde à letra da pergunta. Este não serve para responder à ideia subjacente à questão. A ideia de haverem raças humanas.
É ridículo considerar que existem raças humanas, mais ridículo ainda é tentar catalogar todos os seres humanos como membros de determinada "raça".
O Mundo não se divide em "brancos", "pretos", "amarelos", "índios", é tudo isto e muito mais. Esqueci diversas "raças" e os chamados "cruzamentos" pois todos temos conhecimento de diversas pessoas que não são nem "brancas" nem "pretas".
Um caso conhecido por todos nós: Barack Obama, o candidato democrata à corrida para a Presidência dos E.U.A. não é "branco", nem "preto"... Talvez "café com leite"? Claro que não! É um ser humano inserido numa Cultura!
Cultura, o verdadeiro e válido critério de distinção entre seres humanos.
E em que é que consiste esta cultura?
tenho para mim que se concretiza num conjunto de valores ético-morais e tradições que nos definem. Este sim é, para mim um bom critério de distinção.
Mas nunca permite uma segregação de homens por homens. Pois ninguém é perfeito de modo que possa cuspir sobre os outros.
Respeito nas relações com os que consideramos como iguais e o mesmo respeito quando nos relacionamos com os que consideramos como sendo diferentes.

Mas isto não valida nem sequer demonstra o meu entendimento concreto sobre esta questão.
A questão é muito mais complexa do que avaliar um determinado caso.
Foram séculos e séculos de abusos de europeus sobre africanos e índios.
Abusos estes que serviram para criar divergências e feridas entre seres humanos.
Foi uma pretensa superioridade humana que justificou não só o genocídio hitleriano, mas também permitiu a criação de cultos como o Ku Klux Klan que perseguiam seres humanos diferentes, cujo único "crime" era terem uma diferente pigmentação de pele.

Como resposta a estes abusos, no séc. XX houve um maior cuidado pelo princípio da dignidade do ser humano. O mesmo princípio que permitiu julgar oficiais nazis em Nuremberga e Tóquio, foi justamente empregue na luta de Martin Luther King ou na de Nelson Mandela.
Lutas que eles e os seus ideais venceram. Mas infelizmente as feridas não sararam.
Houve uma maior sensibilidade para as questões das minorias demográficas, os chamados "pretos" e "amarelos" e "espanhois"...
Isso motivou a criação de todos esses institutos contra os quais Michael Richards se insurgiu.
Não consigo responder se foi por peso na consciência que os "brancos" lhes deram tudo isto.
Mas possivelmente foi um forte motivo.
Mas como o Eduardo disse este é um assunto sensível, porque mexe com isso mesmo sensibilidades.
Ainda muitas feridas estão abertas e muito pus escorre pelos poros desta questão.

Sou da opinião que o momento inicial de escravatura feito por Europeus e o momento actual em que as minorias são privilegiadas, são excessivos.
Numa fraternidade de homens onde o princípio enformador é o do respeito pela dignidade humana excluem ambas as perspectivas. É necessária uma igualdade de acesso aos cargos políticos e uma igualdade de direitos e deveres entre homens.
A resposta de Michael Richards é um exemplo dum pensamento ainda vigente hoje em dia, mas que peca por ser excessiva. Há racismo seja entre "brancos" com "pretos", como entre "brancos", assim como entre "pretos".
Mas há que fazer um esforço maior para superar esta situação e atingir um verdadeiro entendimento.
Onde todos são iguais, pois ninguém é diferente.

Por último, não sou racista, mas porém também não sou cego. Existem pessoas com características físicas diferentes das minhas, mas não são essas que me vedem a possibilidade de ser seu amigo.
Tenho amigos "pretos", "amarelos", gordos, magros, deficientes...
Mas nenhuma dessas características foi impedimento.

Peço desculpa pela extensão do meu comentário. Espero que o raciocínio tenha sido claro e que permita uma saudável troca de ideia.

Abraços.
CESAR

Anónimo disse...

Por acaso vim aqui parar, apenas procurava os comentários do Michael Richards e este foi o primeiro sítio.
Aproveitei para ler os comentários que foram postados relativamente à questão racismo.
Há coisas com que concordo e coisas com que discordo.
O racismo é, para mim, uma forma que as diferentes sociedades têm de lidar com os elementos que lhes são estranhos. É tão velho como a humanidade e provavelmente irá continuar a existir, mudando, evoluindo, adquirindo umas características e perdendo outras.
O racismo já não é apenas uma questão de raça. Quem referiu o sr. Nelson Mandela não deve nunca esquecer o papel que o partido Inkatha (zulu) teve no Soweto. Eram negos contra negros, a mesma raça, mas tribos diferentes.
O racismo nos estados Unidos foi o racismo importado pelos irlandeses, ingleses, holandeses, franceses, italianos, polacos, chineses, hispânicos, etc. Mas acredito que uma grande maioria da população ligue tanto a isso como eu.
Sou caucasiano (branco) e suponho poder dizer não sou racista. Tive colegas e "amigos" de todas as cores. pratiquei desporto (incluia os duches no final dos treinos e dos jogos) com gente de todas as cores, tamanhos e feitios. Fui à tropa, idem. A minha irmã, branca, tinha um padrinho negro ou preto, como quiserem, retinto, cuja alcunha, carinhosa, por parte de outros negros, era "branquinho": adora uns copos de branco. Cresci no meio de alguns ciganos, rapazes das barracas, etc.
Há racismo? Claro que há. mas ele existe em todas as sociedades como disse. Não é uma questão ed maioria, ajuda mas não é suficiente para explicar o holocausto nazi, por exemplo, porque os judeus também eram brancos. Existe nos ciganos quandose referem aos estranhos como gadjos e como continuam a falar roma entre eles para nós não os entendermos.
Julgo que se houvessem mais políticas de integração, se não atirássemos grupos étnicos inteiros, para bairros diferenciados, se os misturássemos e nos misturássemos, se os tentásemos integrar e integrarmo-nos, com tempo, ao fim de algumas gerações, o problema poderia estar mais diluído.
Mas continuamos a segregarmo-nos mutuamente e enquanto assim for não há nada a fazer.
Para concluir, a verdade é que há raças, talvez sempre existam, mas o racismo é sobretudo ignorância.

Continuem, eu ando por aí...

PS
O inferno não existe.

Plágio encapotado. Ler post de 10.Abril.2011.