Tendo em conta a profissão que exerço aí por cima, cruzo-me demasiadas vezes com um problema – Violência Doméstica.
Desde o início do ano (notem que começou agora o 5º mês), foram (em Portugal) vítimas de homicídio, 17 mulheres, por excesso de violência por parte dos seus conjuges/companheiros/namorados ou a versão ex de qualquer deles.
O que me deixa de pêlo em pé, é que essas mulheres/homens não fogem da situação, aguentam as agressões – emocionais, verbais e físicas – com a desculpa mais disparatada de todas: o amor!
Helloooo, dahhhh QUEM AMA NÃO AGRIDE!
Ahhh e não me digam que não têm para onde fugir, que têm X filhos, que dependem financeiramente. Falem com a família, falem com os amigos (se os tiverem, pois uma das táticas do agressor é, antes de começar a senda do “eu sou o teu dono(a)” minar tudo à volta da vítima, por forma a que esta se auto isole do mundo), se não tiverem amigos, falem com a polícia, com os vizinhos, com desconhecidos na net, peçam ajuda em casas de acolhimento, qualquer coisa serve!
E não é por, após uma sova monstra, o agressor vir com flores, chocolates, presentinhos (verdadeiras prendas, quais presentes, quais quê), e palavrinhas doces de “amo-te muito”, “não sei o que me deu”, “não se volta a repetir”, “não sei viver sem ti”, que as agressões páram. Não, não páram! Têm intervalos.
Não percebo, não percebo! Não é amor, é burrice, há que chamar os bois pelos nomes.
Não tenham esperança que ele (ou ela) vá mudar de postura, não muda! Uma vez agressor, sempre agressor.
Não se esqueçam: se morrerem os vossos filhos ficam sem vocês.
Não se esqueçam também que, os vossos filhos crescem, vão-se embora e terão a vida deles.
Os filhos merecem muitos sacrifícios, quase todos, mas não merecem ver a mãe/pai a ser agredido.
16 comentários:
É inadmissivel, assim como também é inadmissivel que depois de feita a queixa, as autoridades nada fazerem para evitar represálias... só podem fazer depois das represálias... que bom...
Eu concordo plenamente com tudo o que dizes. Também não consigo compreender como é que as pessoas hoje em dia, com toda a informação que há, com a independência que cada um de nós tem e tudo o mais, se sujeitem a viver uma vida inteira nesse martírio até porque sendo a desculpa "os filho" esta não serve porque os filhos sofrem mais assim a ver os maus tratos do que quando vai um para cada lado...
Jokas
Eu não concordo totalmente, e passo a explicar.
Realmente há pessoas que deviam ser mais espertas que cair nessas cantigas dos bandidos que são esses fulaninhos. Há mulheres que têm meios ou personalidade para fazerem face a situações de agressão, e nesses casos também eu não entendo porque não o fazem.
Mas a maior parte não tem. E não é só uma questão de escolaridade, cultura ou condição económica, pode até envolver traços de personalidade que são muito difíceis de reverter.
Faço uma comparação um bocadinho fajuta, mas acho que explica o meu ponto de vista:
O agressor é como uma aranha que vai calmamente construindo uma teia. Esta pode parecer invisível e frágil, mas é puro engano. A mosquinha poisa e quando dá por si está presa por um pé. Tenta afastar-se, mas já a aranha avança, enredando-a num fio. A mosca perde a compostura, tenta libertar-se furiosamente e cada vez se enreda mais... E não há ninguém que lhe acuda.
O processo de vitimação é longo e insidioso, tem como fim destruir a auto estima da vítima, cercá-la, diminuir-lhe a capacidade de resistência ou de sucesso na resistência... E nós não estamos lá para ver, para poder avaliar. Muitas calam por vergonha, por ouvirem de amigos e da ppa mãe que têm que aguentar... Não é assim tão fácil.
Às vezes basta uma ajudinha de alguém de fora, que se mantenha disponível para lhes ler os sinais, ouvir as queixas e as encaminhar. A vítima, muitas vezes, está completamente atarantada e não tem capacidade para se organizar e fabricar um plano de fuga e sobrevivência.
É dar uma mãozinha, quem estiver na condição de o poder fazer. Ou ligar para a polícia quando a vizinha do lado já grita mais vezes que seria normal para alguém que não está a apanhar...
(desculpa lá o testamento, mas este é um assunto que me dá a volta, completamente!)
Concordo! Plena e totalmente.
Não consigo compreender como é quealguém aguenta tal situação.
Toda e qualquer desculpa não me parece, de todo, plausível.
Com tanta informação sobre o assunto, apelos para falarem, para fazer queixa, só não sai dessa teia quem não quer.
A desculpas dos filhos, da parte financeira, do que o agressor possa fazer depois... nada disso é aceitável.
E mesmo as pessoas dos meios mais isolados e com pouco ou nenhum acesso a informações sobre o assunto, sabem que agredir está errado e, se está errado, algo têm que fazer para mudar.
Este é um assunto que me deixa os cabelos em pé!
Quando até nas cantigas populares há uma canção "quanto mais me bates mais eu gosto de ti", está tudo explicado, não achas? Beijo pacífico.
Xi, Diabba, este teu post é muito terra a terra, mas entendo perfeitamente o que queres dizer: até aos 13 anos vivi num prédio em que os vizinhos do lado se dedicavam a esses combates "campais", com frequência. Como ele era barman, normalmente aconteciam de madrugada e acordavam o prédio inteiro. Os putos fugiam para a escada a chorar, ai deles que se metessem ao barulho, se não ainda levavam umas traulitadas também. Um suplício familiar para os próprios e para toda a vizinhança...
O curioso é que ele fazia isso mesmo: no dia seguinte aparecia com flores e bombons como se estivesse tudo OK!
Interessante é que ainda hoje em dia estão casados, mas como estão ambos na casa dos 70s suponho que já não se dedicam a treinar boxe um com o outro (digo eu, que disso não sei ao certo).
Ninguém merece uma vida assim, NÃO!
Ou, pelo menos, eu não aceitava...
Jinhos terrenos!
Infelizmente acontece, né?
P'ra quando mais respeito pelo o seu semelhante, seja homem ou mulher.
Num post sério e sendo contra a violência, só uma palavra. LAMENTO
Bjs fotografados ;-)
Pois é,as mentalidades mais duras são uma herança de séculos,não sendo possível acabar com o pensamento pré-histórico de um momento para o outro,as vítimas tornam-se parte das estatísticas sobre violência.Nunca é de mais salientar quem se recusa participar nesta charada,estou orgulhoso por este Inferno apoiar e aconselhar as almas mais necessitadas.
Ao ler o teu texto arrepiei-me porque tenho quase a certeza que uma das minhas antigas amigas(digo antiga porque o seu conjuge conseguiu afasta-la de todos,incluindo a própria família)está a passar por esse drama. Só espero que a violência emocional não passe para verbal ou física.
beijocas
Omal é qd tentam pedirajufa e deparam com gente assim:
http://babecertificada.blogspot.com/2007/10/com-licena-vou-vomitar-e-j-venho.html
Não é admissível. É uma barreira que, uma vez ultrapassada, já não tem volta. E os filhos não são desculpa: é pior estarem com pais com este perfil do que estarem só com um.
Mas também compreendo que, vistas por dentro, as coisas possam ser complicadas - do ponto de vista psicológico. E que nem sempre se consiga logo fazer o que há que fazer...
Tens Toda, mas mesmo Toda a razão no teu post...
Boa semana
Absolutamente de acordo contigo...
Quando os gmf dos agressores chegarem ao Inferno vai-te a eles de archote em punho.
Beijos demoniacos
Gata, quem deu permissão para andar aqui sozinha? Já para casa, se não queres que te chegue a roupa ao pêlo!!! Ai...
A minha prima, que casou com 20 anos com o único namorado que teve depois de passar a adolescência metida na igreja, está a ser acusada de violência doméstica pelo marido apenas porque ele não lhe quer dar o que lhe corresponde. Segundo ele, ela chamou-lhe "corno" pelo menos duas vezes... vou ter que ir testemunhar, porque assisti à convivência doméstica daqueles dois várias vezes. A única coisa que vi foi que ele era mais violento com ela com o olhar do que alguma vez ela poderia ter sido com palavras. Cenas tristes...
Será impressão minha ou as pessoas que se calam são de classe média baixa? Aquelas que não tem horizontes para entenderem que existe outra vida que não aquela. Que casam com aquela ideia que é para toda a vida e assim, aguentam tudo o que vier. Posso estar errada, mas não vejo no meu circulo de amigos nenhum a aguentar algo como isto. Enfim, é um assunto complicado. Muitos têm medo de que algo mais sério lhes possa acontecer como; ir desta para melhor...é triste. E o pior é o sistema que temos, que muito sinceramente não protege grande coisa, mesmo quando apresentamos queixa.
beijinhos diabinha cor de labareda
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