quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Romeu & Julieta


Tenho tido pouco tempo, para fazer coisas que realmente me dão prazer, e uma delas é ler. Posto isto, e porque não é uma obra imensa, peguei na peça de teatro, de William Shaskespeare, e fui-a lendo aos poucos, aos poucos porque desculpem-me os fãs, aquilo é uma caca.



Ninguém, nem nos finais do século XVI, usaria aquele palavreado todo para dizer coisas tão simples. Mais, compreendo porque motivo ele teve que alterar a obra várias vezes, acrescentar-lhe personagens, é que, ao que li sobre o assunto, a obra era tão má, mas tão má, que nem na época, em que a maioria das pessoas não sabia ler nem escrever, aquilo pegou.


Mas o que me chamou a atenção, foi o evoluir das coisas em termos de direito penal (é deformação profissional, olho sempre para algumas coisas com outros olhos que não os de uma normal leitora).


Assim, pelo que percebi, num diálogo entre o Capuleto (pai da Julieta) e Páris (candidato a noivo da dita), era normal homens  interessarem-se por crianças.


Todo este enredo gira à volta duma menina de 13 anos, senão vejam:


Capuleto: Não posso senão repetir o que já vos disse. A minha filha nada sabe do mundo. Ainda não completou catorze anos. Deixai que mais dois verões extingam o seu explendor para que eu a julgue madura para o matrimónio.


Páris: Outras mais novas que ela são já mais felizes.


Reparem no “outras mais novas que ela são já mais felizes”, ou seja meninas com menos de 13 anos “eram já mais felizes” por terem casado.


Conclusão:


1 – Hoje, o Páris seria perseguido como pedófilo (ver artº 171º do Código Penal - googlem, que a forma de colocar links desapareceu);


2 – Mas que credibilidade tem um amor, coroado por mortes, entre uma criança de 13 anos e um marmanjo armado em Romeu?


3 – Pode ser que no teatro, ao vivo, eles dêem a volta ao texto, e façam algo decente, mas quanto à obra, eu se fosse a vocês evitava lê-la!

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Gratidão



Todos os dias devíamos agradecer alguma coisa.











Hoje, por exemplo










Fiquemos gratos…










Porque o fotógrafo não estava de frente!



Nota: Obrigado Tronxa (ver o link ali ao lado)
Nota 2: Vou começar a fazer posts com pensamentos simples, como o que está acima.

sábado, fevereiro 13, 2010

Preconceito (post 2)


No seguimento do post anterior, o outro julgamento que me fez pensar foi este:



Violência doméstica – Um pai/marido decidiu agredir a filha (na altura dos factos com 10 anos) e a mulher duma forma violenta (agarrou a criança, sacudiu-a, arremessou-a contra uma parede, além das dores o medo fê-la fazer xixi pelas pernas abaixo), a mulher foi a soco e puxões de cabelo.


Tudo isto porquê? Porque ele (pai/marido) não aceitava que elas se dessem/falassem com o filho mais velho do casal, que assumiu, perante a família, ser gay.


O fulano teve o desplante de o dizer perante o Juiz (embora não confessando a agressão, claro)não bati em ninguém, eu só lhe disse que não queria que ela se desse com paneleiros”, assim mesmo, sem mais.


O Juiz, pessoa já com alguma idade, quase rebentou, se há coisa que aquele Juiz não é, é preconceituoso. Prevejo uma bela condenação, mas em multa, porque apesar de o crime admitir prisão, o arguido é primário, e já não tem contacto com as vitimas (a mulher pediu o divórcio e já estão divorciados).


Mas que merda é esta? Como é que um pai consegue renegar um filho, e ainda querer forçar outros a fazerem o mesmo? Eu já tinha ouvido a frase “antes a droga” mas sempre pensei que era a brincar, afinal parece que é mesmo a sério.


Gostava de não ter que respirar o mesmo ar que esta “gente”.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Discriminação (post 1)

Esta semana enquanto esperava que o julgamento que ia fazer começasse, e na falta de um livro, optei por ir assistindo a outros julgamentos, há sempre qualquer coisa que se aprende, ou, pelos menos, nos faz pensar. Foi o caso, 2 julgamentos que me fizeram pensar, cada um à sua maneira, e vou fazer deles dois posts diferentes, cá vai um:







Estavam em julgamento 3 rapazes, por furto de automóveis de gama alta. Um dos automóveis ficou absolutamente destruído num acidente.


Um contou os factos, mas garantiu que só acompanhou os outros “no lugar do pendura” e que “ai e tal, nem sabia que os carros eram roubados(está bem, canta-me aqui ao ouvido)


Outro, não apareceu. (normal, muito normal)


O terceiro, remeteu-se ao silêncio, e é deste que quero falar.


Era um miúdo com um ar muito limpinho, com uns olhos claros, muito difíceis de esquecer, nada parecido com o outro (que até estava preso e veio acompanhado por guardas prisionais, como é normal), mas este miúdo (devia ter uns 20 anos) estava com um ar triste, e foi exactamente o ar dele que me chamou a atenção até antes do julgamento começar, um miúdo com muito bom ar, lindo que se fartava, e, para mim, notoriamente gay.


Até aqui tudo normal, normal até o julgamento terminar e o tal miúdo sair da sala de audiência, e eu, que decidi ir tomar café encontrei-o a chorar convulsivamente, tentei tudo para o acalmar, comigo falou – que sim, que tinha “roubado” os carros, e que tinha muitos processos ainda por julgar, que foi uma fase, etc etc.


O que me preocupa não é que ele seja condenado, uma vez que cometeu os crimes tem que pagar por esses factos, o que verdadeiramente me preocupa é eu conhecer os nossos Estabelecimentos Prisionais (EP).


Não há alas diferentes para quem tem uma opção sexual diferente da dita “normal” (notem as aspas, para mim todas as opções são normais). E este miúdo, porque é um miúdo, mesmo que seja maior de idade, vai ser o cu de serviço no EP onde calhe. Haver alas diferentes não me parece que seja discriminação, mas sim protecção.


Estou desolada.
Plágio encapotado. Ler post de 10.Abril.2011.